BCE enfrenta ‘trilema’ com Itália e crise energética, além da alta dos juros
O Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu o mercado financeiro hoje. Mas isso não significa que a alta surpreendente de 0,50 ponto percentual (pp) na taxa de juros, a primeira em 11 anos, tira o “bode da sala”.
O BCE enfrenta um “trilema”. Além de encerrar a era de juros negativos na zona do euro para conter a alta da inflação, a autoridade monetária enfrenta um momento de crise política na Itália e os riscos de uma crise energética na região da moeda única europeia.
“O BCE não é o único risco negativo”, resume o Rabobank, em relatório. O estrategista sênior do banco holandês, Bas van Geffen, cita também a reabertura do Nord Stream 1 e os problemas políticos na Itália.
“O governo da Itália está à beira do colapso”, avalia. Ele se refere ao boicote de dois partidos de centro-direita ao voto de confiança no primeiro-ministro Mario Draghi.
Ex-BCE no centro do palco
Ex-presidente do BCE na década passada, Draghi fez um novo pedido de renúncia ao cargo na Itália, abrindo caminho para eleições antecipadas no país.
Em reação, pouco antes do meio-dia (de Brasília), o índice acionário FTSE MIB, de Milão, liderava as perdas entre as bolsas da Europa, com queda de mais de 1%.
Já o título italiano de 10 anos tinha taxa de 3,517%, de 3,370%, em meio aos riscos da chamada “fragmentação” da união monetária europeia. O processo se refere à diferença [spread] entre taxas de juros soberanos das diferentes economias da zona do euro.
Para o ING, o spread dos papéis italianos pode aumentar ainda mais agora que as eleições antecipadas parecem inevitáveis. Esse alerta ameaça o objetivo do BCE de preservar o euro.
“As ruínas políticas na Itália, desencadeadas pela decisão de Draghi de apresentar sua renúncia, são um lembrete dos desafios que o BCE enfrenta”, comentou o economista-chefe da Capital Economics, Neil Shearing, em relatório desta semana.
Para ele, as prioridades do BCE devem ser combater a inflação e evitar a fragmentação da zona do euro. “Uma década após o compromisso de Draghi de fazer ‘o que for preciso’ para salvar o euro, [a atual presidente] Christine Lagarde deveria fazer a mesma promessa.”
BCE e o gás russo
Ao mesmo tempo, a reabertura do Nord Stream 1 traz certo alívio ao velho continente, ainda que com apenas 30% da capacidade de fornecimento do gás russo. Em contrapartida, a União Europeia (UE) busca reduzir o uso de gás russo em 15% até março do ano que vem.
Mas os níveis de capacidade do oleoduto serão monitorados de perto, pois os temores de escassez de gás permanecem altos. O governo russo poderia reduzir ainda mais ou interromper os fluxos a qualquer momento, fazendo do abastecimento uma moeda de troca.
O risco de retaliação é alto. Ainda mais depois que a Europa aprovou um sétimo pacote de sanções econômicas à Rússia.
“Moscou oferece um vislumbre das escolhas impossíveis que o BCE está enfrentando, principalmente se a crise de energia se agravar”, afirma Bas van Geffen, do Rabobank.
?Money Times é Top 10 em Investimentos!?
É com grande prazer que compartilhamos com você, nosso leitor, que o Money Times foi certificado como uma das 10 maiores iniciativas brasileiras no Universo Digital em Investimentos. Por votação aberta e de um grupo de especialistas, o Prêmio iBest definirá os três melhores na categoria de 2022. Se você conta com o nosso conteúdo para cuidar dos seus investimentos e se manter sempre bem-informado, VOTE AQUI!