BCE acelera retirada de estímulos mesmo com aumento de incerteza por guerra na Ucrânia
O Banco Central Europeu planeja encerrar suas compras de ativos no terceiro trimestre, disse a autoridade monetária nesta quinta-feira, acelerando a retirada do estímulo extraordinário para a surpresa dos mercados, com o aquecimento da inflação superando preocupações sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Com a inflação na zona do euro em máxima recorde mesmo antes de Moscou atacar a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as autoridades já vinham pressionando por um fim mais rápido de suas compras de títulos, abrindo caminho para uma alta dos juros no final do ano.
Embora a guerra tenha ameaçado essa perspectiva, a taxa de inflação recorde de 5,8% em fevereiro e a expectativa de leitura ainda mais alta em março pressionaram o banco a agir de acordo com seu mandato de manter o crescimento dos preços em 2%.
A medida ainda é uma surpresa para os investidores, que esperavam que o BCE fizesse o mínimo de compromissos possível, mantendo suas opções em aberto até que haja mais clareza sobre a guerra, o impacto das sanções contra a Rússia e o curso futuro dos preços das commodities.
Na decisão desta quinta-feira, o banco confirmou planos de encerrar seu Programa de Compras de Emergência da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) de 1,85 trilhão de euros no final do mês e disse que as compras sob o Programa de Compra de Ativos (APP), de longa data, serão menores do que o planejado anteriormente.
O banco agora prevê que as compras do APP irão totalizar 40 bilhões de euros em abril, 30 bilhões em maio e 20 bilhões em junho. Anteriormente, eram 40 bilhões de euros no segundo trimestre, 30 bilhões no terceiro trimestre e 20 bilhões no quarto.
As compras no terceiro trimestre dependerão de dados, acrescentou o BCE, que ainda manteve sua taxa de depósito abaixo de zero.