BC reforça que Selic permanecerá alta em carta para Haddad, destacam economistas
Do Banco Central, o mercado só quer saber uma coisa: quando a autoridade monetária vai começar a cortar a taxa Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano – maior patamar desde 2016.
Os mais otimistas chegaram a apostar que a redução na taxa básica de juros começariam ainda no primeiro trimestre de 2023. No entanto, o Banco Central segue sinalizando que a Selic vai permanecer em um patamar alto por mais tempo do que o mercado gostaria.
O mais novo aviso veio na carta aberta para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, publicada na terça-feira para justificar os motivos que levaram a inflação fechar o ano de 2022 acima do teto da meta.
“O BC explicou que promoveu um ciclo de aperto monetário até setembro para garantir que a taxa Selic ficasse em terreno significativamente restritivo, e destacou que a manutenção da taxa por um período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. Se for necessário, o Copom poderá ajustar os juros”, afirma Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Capital.
Na verdade, o Banco Central repetiu a mensagem das últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom): “De acordo com o Comunicado e a Ata da sua reunião mais recente, o Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.”
Risco fiscal e Selic
Por mais que o Banco Central tenha evitado falar sobre os impactos do risco fiscal na inflação em sua carta, os economistas da Genial Investimentos destacam que isso deve contribuir para o BC endurecer o tom e sinalizar a manutenção da Selic em 13,75% por mais tempo.
Também não é descartada uma possível alta residual nos juros.
“Olhando para frente, temos que as expectativas Focus continuam aumentando dentro do horizonte relevante de política monetária e para além dele”, aponta a corretora em relatório.
Vale lembrar que o Relatório Focus desta semana, o mercado projeta que a Selic deve encerrar o ano em 12,25%. Há um mês, a expectativa era de 11,75%.
“Do ponto de vista do cenário da política monetária, a Carta reforçou que a taxa Selic ficará estável por um período prolongado”, afirma Rafael, da Ajax.