BC não precisaria elevar a Selic, mas se colocou em ‘sinuca de bico’ e credibilidade pode estar jogo, diz analista
Para o analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, uma nova alta da Selic parece “inevitável”. O endurecimento do tom do Banco Central (BC) fez com que a tese de aperto monetário ganhasse mais força.
“Eu sequer acreditava que fosse preciso subir a Selic, se houvesse uma comunicação mais clara, porque ela já é alta”, afirmou no programa Giro do Mercado, do Money Times.
Com o mercado já tendo contratado uma alta dos juros, a credibilidade da autarquia pode estar em jogo. “Agora, se não subir, pode ser pior. O BC se colocou em uma sinuca de bico”, disse.
O “erro de comunicação” dos membros, segundo Spiess, foi manter o tom hawkish (duro), apesar da melhora da perspectiva doméstica com a contenção orçamentária de R$ 15 bilhões, anunciada em julho. Além disso, o “desbalanceio” internacional no começo de agosto exigiu que o BC endurecesse ainda mais o tom.
- Dividendos de até R$ 1.412 na conta? Saiba quanto é preciso investir para buscar o equivalente a um salário mínimo de renda extra por mês.
Apesar de já contar com uma alta na reunião de setembro, o analista da Empiricus não espera uma subida agressiva da Selic, que vai depender dos dados.
“Vai subir para 12%? Não acredito, eles vão testar. Vão comprar essa credibilidade que já contrataram, subir 0,25 p.p., acompanhar os dados e já dar uma sinalização na próxima comunicação de que a situação melhorou”, disse.
Spiess reforça ainda que o início da flexibilização monetária nos Estados Unidos deve ajudar o cenário brasileiro, uma vez que tira a pressão do câmbio e da curva de juros, além de ajudar o mercado acionário.