Banco Central

BC não está satisfeito com ritmo de queda dos juros do crédito, diz Goldfajn

10 abr 2018, 11:54 - atualizado em 10 abr 2018, 11:54

Os juros do crédito e o spread bancário, diferença entra a taxa de captação do dinheiro pelos bancos e a cobrada dos clientes, estão em tendência de queda, em consistência com a redução da taxa básica de juros, a Selic. A avaliação é do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos, no Senado.

“Isso não significa que estamos satisfeitos com a velocidade da queda da taxa de juros bancários. Queremos que a redução seja mais rápida, para que tenhamos logo crédito mais barato para famílias e empresas”, disse o presidente do BC.

Goldfajn argumentou que “esse é um assunto da maior importância” para o BC. “O objetivo é atacar, de forma estrutural, não voluntariosa, todas as causas que tornam o custo de crédito alto no Brasil”, afirmou.

O presidente do BC acrescentou que a instituição tem atuado para enfrentar essas causas: custo operacional e regulatório do sistema financeiro, a falta de boas garantias, a necessidade de mais informação no sistema, os subsídios cruzados (parte dos clientes bancários, como os depositantes de caderneta de poupança e tomadores de crédito com juros mais altos, estariam bancando empréstimos mais baratos, como o imobiliário e o rural), os altos compulsórios [parte do dinheiro depositado que os bancos são obrigados a recolher ao BC] e a necessidade de estimular a concorrência.

O presidente do BC destacou medidas já adotadas para reduzir o custo do crédito, como a melhora de garantias por meio da regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG). Goldfajn também citou a recente redução de compulsórios, o que diminui custos para os bancos, e a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), mais alinhada com os juros do mercado. “Além de proporcionar maior potência à política monetária e reforçar a queda da taxa de juros estrutural, por ser uma taxa de mercado, a TLP incentiva o financiamento privado de longo prazo e o desenvolvimento do mercado de capitais”, disse.

Goldfajn citou ainda as alterações no rotativo do cartão de crédito, limitado a 30 dias, e as alterações no cheque especial, anunciadas hoje (10) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com medida de auto-regulação. “Por serem produtos de taxas mais elevadas, no Brasil e no mundo, o Banco Central está trabalhando em medidas para reduzir o seu custo”, disse Golfajn.

Para o presidente do BC, é preciso também haver o “empoderamento das instituições pequenas e médias” para aumentar a competição no sistema financeiro. “Temos mais de uma centena de bancos pequenos e médios, e um número ainda maior de cooperativas (cerca de mil instituições)”, disse. Ele citou que foi feita a segmentação e a proporcionalidade da regulação prudencial para essas instituições. “A segmentação e a proporcionalidade permitem mais agilidade às instituições menores e aumentam a competição”, disse.

Incentivo às fintechs

Goldfajn também afirmou que é preciso incentivar as fintechs (empresas de inovação no sistema financeiro) para “permitir maior competição no sistema e o surgimento de soluções adequadas às demandas atuais dos clientes e de novos modelos de negócio, com redução de custos em várias áreas. Temos adotado uma postura de deixar entrar, deixar competir e regular apenas quando necessário”, disse. Ele acrescentou que as regulamentação das fintechs de crédito será feita neste ano.

O presidente do BC citou ainda uma série de outras medidas, como a redução de custos para os lojistas com o pagamento por meio do cartão de débitos, que começará a valer em outubro deste ano. “Com a medida, a expectativa é que a redução seja repassada pelo credenciador ao estabelecimento comercial e deste para o consumidor, por meio da concorrência e, também, da possibilidade de diferenciação de preços”, disse.

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