BC mantém projeção de crescimento do PIB em 1,0% para 2022
O Banco Central manteve sua projeção de crescimento econômico em 2022 a 1,0%, mesmo patamar estimado em dezembro, citando surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2021 e perspectiva favorável para alguns setores, mas pontuando preocupações com a guerra na Ucrânia, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira.
A projeção do BC, que destaca elevado nível de incerteza por conta do conflito no leste europeu, está no meio do caminho entre dados do governo e a visão do mercado.
O Ministério da Economia prevê expansão de 1,5% para o PIB este ano, enquanto o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 0,5% em 2022.
No documento, o BC disse que o conflito entre Rússia e Ucrânia gerou aperto significativo nas condições financeiras e aumentou a incerteza em torno do cenário econômico, reafirmando que os choques provocados pela guerra podem exacerbar pressões inflacionárias.
“O conflito armado aumentou a aversão global ao risco, elevando, consequentemente, os prêmios embutidos nos preços dos ativos financeiros, e deve impactar severamente a economia russa e seus principais parceiros comerciais”, disse.
Para o BC, o novo cenário traz pressão adicional aos preços das commodities e de insumos energéticos e cria novos desafios para o comércio mundial.
“A escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia e as sanções aplicadas tendem a impactar a logística e o comércio da região, com possíveis efeitos globais relevantes”, apontou.
O documento destaca que embora o Brasil tenha reduzida corrente de comércio com Rússia e Ucrânia, as importações brasileiras de adubos e fertilizantes dos dois países são expressivas.
Com isso, para o BC, choques permanentes na oferta desses insumos podem ter implicações negativas para o plantio agrícola nos próximos trimestres.
Recuperação da atividade
Sobre a economia brasileira, o BC disse que o quarto trimestre de 2021 teve crescimento acima do esperado e que é aguardada uma recuperação de indicadores em fevereiro e março após recuo da atividade em janeiro.
“Adicionalmente, mantém-se perspectiva favorável para alguns setores específicos, como a agropecuária e as atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação dos impactos negativos da pandemia”, afirmou.
A autoridade monetária ponderou que, em sentido oposto, a escassez de matéria-prima ainda é um fator limitante para a indústria e que a alta de commodities e importados (embora atenuada pela valorização do real) pode ser considerada um novo choque de oferta com impacto de alta na inflação e queda da atividade. O documento também citou efeitos das gestões fiscal e monetária.
“O risco fiscal elevado e o processo de aperto monetário em curso continuam impactando as condições financeiras atuais e, consequentemente, a atividade econômica corrente e futura”, disse.
No relatório, o BC apontou que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada em vários componentes, e mais persistente que o antecipado. O documento ressaltou que parte significativa da surpresa inflacionária está relacionada a componentes mais voláteis, em especial combustíveis e alimentos, mas também houve surpresa em itens associados à inflação subjacente, que elimina componentes transitórios e indica a tendência para os preços.
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1,0 ponto na reunião de maio, em continuidade ao ciclo de alta para levar a taxa básica de juros a território ainda mais “significativamente contracionista” para conter a inflação.
Atualmente a taxa básica de juros está em 11,75% ao ano.
(Atualizada às 09:07)