Economia

BC: Inflação em 2022 teve pressão de inércia e commodities, cenário é de convergência

10 jan 2023, 19:19 - atualizado em 10 jan 2023, 19:19
Banco Central CBDC Real Digital
A regra determina que o presidente do BC divulgue a carta sempre que a inflação encerrar o ano fora dos intervalos de tolerância para o IPCA (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, em carta ao ministro da Fazenda para justificar o descumprimento da meta de inflação em 2022, que os preços no país foram pressionados pela inércia do ano anterior, a alta das commodities e gargalos em cadeias produtivas globais.

No documento, Campos Neto disse que as projeções do BC atualizadas em dezembro são de que o índice seguirá em queda em 2023, terminando o ano em 5%, nível inferior ao do ano passado.

“Nesse cenário, em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022″, disse.

Apesar disso, ele afirmou que o cenário é de convergência da inflação para as metas, com as projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 3% em 2024 e 2,8% em 2025, ambos com meta de 3%.

Esta é a sétima vez no Brasil que um presidente do BC apresenta carta ao ministro da Fazenda (ou da Economia), que preside o Conselho Monetário Nacional, para justificar o descumprimento da meta de inflação do ano anterior.

As explicações já foram dadas nas aberturas de 2002, 2003, 2004, 2016, 2018 e 2021. Na mais recente, Campos Neto havia afirmado que estava tomado as devidas providências para que o IPCA atingisse as metas nos anos seguintes.

A regra determina que o presidente do BC divulgue a carta sempre que a inflação encerrar o ano fora dos intervalos de tolerância para o IPCA.

No regime de metas para a inflação, em vigor desde 1999, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define um alvo para o IPCA de cada ano, além de um intervalo de tolerância. Em 2022, a meta de inflação era de 3,5%, com limite máximo de 5,0%.

O IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) informou nesta terça-feira que inflação ao consumidor do Brasil fechou 2022 com alta acumulada de 5,79% e superou o teto da meta pelo segundo ano seguido com um resultado acima do esperado, pressionada principalmente por alimentação.

Em 2023, de acordo com o boletim Focus divulgado pelo BC, o mercado espera que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA fique em 5,36%, distante do centro da meta, de 3,25%, e acima do teto de 4,75% estabelecido para o intervalo de tolerância.

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