Mercados

BC espera estar perto de fim de ciclo de aperto monetário, mas depende de dados, diz diretor

18 maio 2022, 11:50 - atualizado em 18 maio 2022, 13:07
“No momento a gente ainda está num ciclo de alta (de juros); a gente espera estar chegando no final dele, mas é sempre uma expectativa que depende dos dados” (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Banco Central espera estar chegando ao fim de seu atual ciclo de aperto monetário, embora essa expectativa ainda dependa de dados e o ciclo possa ser alongado caso o cenário exija, disse o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, nesta quarta-feira.

“No momento a gente ainda está num ciclo de alta (de juros); a gente espera estar chegando no final dele, mas é sempre uma expectativa que depende dos dados”, disse Serra em evento organizado pela Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.

Ele destacou que o Banco Central tem sinalizado uma provável alta adicional nos juros em sua próxima reunião de política monetária, em junho. Em maio, o Comitê de Política Monetária da autarquia elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano.

“A gente está num regime de meta de inflação e não pensa em nenhum momento em mudar isso. Se a realidade se impuser de um lado mais negativo a gente pode, naturalmente, alongar um pouco mais.”

Num cenário de aperto nas condições monetárias no mundo inteiro, com o Federal Reserve, dos EUA, se mostrando bastante agressivo na elevação dos juros, o Banco Central do Brasil tem instrumentos para combater efeitos adversos que poderiam recair sobre mercados emergentes, inclusive com mais aumentos na taxa Selic, disse Serra.

“Se precisar subir um pouco mais o juro (no Brasil) porque o juro global subiu, a gente também tem capacidade de fazer”, afirmou, acrescentando que a autarquia também tem “instrumento para combater uma volatilidade adicional do câmbio” decorrente das expectativas de aperto monetário nas principais economias do mundo.

O diretor ressaltou que a taxa de câmbio é um canal importante de transmissão da política monetária.

“A gente vai ajustar nossa taxa de juros mais, para trazer a inflação para baixo, mas, se a inflação global tiver pressionada, o máximo que eu vou conseguir fazer, o principal canal, vai ser de fato o câmbio, a valorização da taxa de câmbio.”

Ele chamou a atenção para a boa performance do real no início deste ano, afirmando que isso reflete o mercado começando a “dar valor” para países que fizeram um ajuste antecipado em sua política monetária. O dólar cai cerca de 11% contra a divisa brasileira até agora em 2022.

Juros mais altos em determinado país tendem a beneficiar sua moeda, já que tornam o mercado de renda fixa local mais atraente.

“Acho que a gente tá nesse grupo, e… daqui para frente espero que a gente comece a colher esses frutos, embora a convergência da inflação à meta (deva) ser um processo longo.”

“Acho que a gente começa a ter uma cara mais positiva de inflação, talvez, espero que antes dos pares”, acrescentou Serra, ressaltando que acredita que a inflação vai eventualmente começar a convergir em direção à meta nas principais economias globais devido à atuação efetiva de seus bancos centrais.

Pensar em começar a reverter o aperto de política monetária, que tirou a Selic de uma mínima histórica de 2%, ainda é uma etapa distante, indicou Serra: “a gente precisa ver primeiro o efeito do que a gente fez, a gente ainda não conseguiu ver”.

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(Atualizada às 13:07)