BC deve cortar a Selic já em 2025 a reboque do Fed, diz Kanczuk, do ASA

À contramão do consenso do mercado, o ASA espera que o Banco Central (BC) reduza a Selic já em 2025. Fabio Kanczuk diz que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) devem iniciar o afrouxamento monetário com um corte 0,25 ponto percentual (p.p.) em dezembro.
O diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor de política econômica do BC (2019 a 2021) afirma que a motivação para o ajuste antecipado da taxa básica será o movimento do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos (EUA).
A projeção da instituição financeira é de que o banco central norte-americano retome a flexibilização dos juros na reunião de outubro deste ano, também com uma redução de 0,25 p.p. Apesar dos eventuais impactos da política tarifária na inflação, a fraqueza do mercado de trabalho deve motivar o ajuste.
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Kanczuk explica que, devido às políticas anti-imigração e consequente queda de oferta, a geração de emprego nos EUA deve surpreender para baixo.
“A economia lá (nos EUA) deve desacelerar, o Fed começar a cortar os juros. O Banco Central (brasileiro) pontua que há uma ligação entre os juros daqui com os do mundo e diz ‘se o Fed cortou lá, eu também posso cortar um pouco aqui’. E isso está correto”, diz em evento do ASA.
Ele explica que o BC deve justificar o corte como um “ajuste do aperto monetário”. “O BC vai contar uma história do tipo: ‘estamos super contracionistas, então, como os Estados Unidos estão cortando, o neutro está caindo e, para mantermos o mesmo nível de contração monetária, temor que ir reduzindo também'”.
O diretor da instituição financeira pondera, no entanto, que a política monetária no Brasil não será capaz de domar a inflação. “Não vemos a inflação caindo”, afirma.
Kanczuk avalia ainda que o fiscal — e o parafiscal — super expansionista deve continuar mantendo a atividade aquecida. “Faz com que a atividade não desacelere como ela deveria e como eu imaginaria com os juros”.
“Vemos uma economia firme aqui, com crescimento em torno de 2%; inflação próxima de 5%; e Selic sendo cortada no finalzinho deste ano e durante o ano que vem”, diz.
A projeção do ASA é de que os juros fechem o ano de 2026 próximos ao patamar de 13%.
O ex-BC ainda ressalta que a autoridade monetária está com dificuldade de convencer o mercado que a Selic ficará elevado alto por um período prolongado. “Ele insiste, na linguagem, que está fazendo o trabalho dele, mas nós achamos que não”.