BBAS3: A medida de ministério de Haddad que pode atingir principal negócio do banco
Com forte presença no agronegócio, medida publicada pelo Ministério da Fazenda pode prejudicar a rentabilidade do Banco do Brasil (BBAS3), afirmam os analistas da Ágora Investimentos.
Na última quarta-feira (10), a pasta divulgou as regras e entidades financeiras (Portaria º 695) que vão atuar na equalização de juros do Plano Safra 2023/2024.
Para este ano, as despesas administrativas e tributárias (CAT), que são a principal taxa utilizada para os juros de equalização, foram reduzidas em 0,34 ponto percentual ao setor, para 3,14%.
Nesta sessão, o papel do BB caiu mais do que outros bancos, com desvalorização de 1,61%, enquanto Itaú (ITUB4) teve queda de 0,6%.
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Os analistas Gustavo Schroden e Renato Chanes lembram que o limite total de equalização do Banco do Brasil foi reduzido em 16% para o Plano Safra 2023/2024, para R$ 35 bilhões, de R$ 42 bilhões no plano anterior 2022/2023, enquanto seu valor total para a atual plano aumentou 27% para R$ 240 bilhões, de R$ 188 bilhões no plano 2022/2023.
“A nosso ver, isso representa alguns riscos para o nível de rentabilidade do Banco Brasil no segmento rural, embora reconheçamos que o banco possui mecanismos para mitigar essas notícias negativas. Esses mecanismos incluem: (i) aumentar a participação nas taxas de juros livres; e (ii) ganhar participação de outros participantes que não conseguem originar o valor mínimo de empréstimos rurais”, discorrem.
A dupla diz ainda que o limite inferior de equalização do Banco do Brasil para a Safra 2023/2024 reflete uma competição potencialmente mais acirrada no segmento rural.
“O Banco do Brasil perdeu parte de sua participação no limite de equalização devido ao acirramento da concorrência, proveniente principalmente do Sicredi, BNDES e Banrisul (BRSR6), que registraram expansões significativas em seus limites de equalização de 84%, 33% e 408%, respectivamente”, argumentam.
Mas nem tudo está perdido. Para os analistas, o banco pode tentar mitigar um potencial impacto negativo em sua rentabilidade aumentando sua participação nas taxas de juros livres para o segmento rural, onde os spreads são ligeiramente superiores aos implícitos nos limites de equalização.
“No entanto, notamos que a concorrência parece mais acirrada recentemente e os spreads já diminuíram 1,40 pp desde o 1T21, para 3,9%”, finaliza.
Plano Safra e o Banco do Brasil
O Banco do Brasil reservou montante recorde de R$ 240 bilhões para financiamentos dentro do Plano Safra 2023/2024.
O volume supera em cerca de 27% o recorde visto no Plano Safra 2022/2023, com a estatal contabilizando distribuição de R$ 188 bilhões em recursos.
Dessa forma, a carteira agro da companhia atinge o maior saldo da história, fechando o primeiro trimestre deste ano em R$ 322 bilhões.
Atualmente, são mais de 1,7 milhão de operações ativas, sendo 1,2 milhão do segmento de agricultura familiar.