BB Seguridade: Banco do Brasil passa de vantagem estratégica a pedra no sapato
Quando a BB Seguridade (BBSE3) realizou seu IPO, em abril de 2013, a capilaridade conferida pela rede de agências do Banco do Brasil (BBAS3) foi vista como estratégica para a distribuição de seus produtos. Contar com a retaguarda da instituição foi crucial para que a seguradora realizasse o maior IPO da história da Bolsa verde-amarela até então, movimentando R$ 11,47 bilhões.
Sete anos depois, contudo, o Banco do Brasil deixou de ser um supertrunfo para se tornar sua maior fragilidade, segundo analistas de mercado. Se pretende conquistar mais participação de mercado e diversificar sua clientela, a BB Seguridade precisa depender cada vez menos das agências do banco como pontos de venda.
Essa preocupação do mercado voltou a circular nesta semana com a publicação de um relatório do Banco Safa sobre uma reunião do novo presidente da seguradora, Marcio Ferreira, com analistas de mercado.
Digitalização
A principal aposta de Ferreira para reduzir a dependência do Banco do Brasil é a digitalização da BB Seguridade, recorrendo, para tanto, à experiência que acumulou na BrasilPrev, onde focou na melhoria da experiência dos clientes, por meio de ferramentas digitais.
“A BB Seguridade deverá endereçar as preocupações do mercado, relativas à sua forte dependência das agências do Banco do Brasil”, afirmam Luis Azevedo e Silvio Dória, que assinam o relatório do Safra. Mas o fato de a nova gestão estar atenta ao assunto não significa que o problema será resolvido rapidamente.
Primeiro, porque o acordo com o Banco do Brasil só termina em 2033, lembram os analistas do Safra. Segundo, porque a digitalização da BB Seguridade só trará resultados “relevantes” no longo prazo. Isto porque, segundo os analistas, a transformação digital da companhia ocorrerá em duas frentes: a otimização de ferramentas e plataformas, e a mudança da cultura corporativa.
Oportunidade
Enquanto isso, o Safra observa que há outras iniciativas que servem de exemplo da diversificação dos canais de distribuição. Entre eles, está a venda, pela BB Seguridade, de seguros rurais para cooperativas agrícolas de crédito.
Mesmo que a solução de questões estratégicas esteja apenas no início, o Safra reiterou sua recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para as ações, com preço-alvo de R$ 35, o que implica uma alta potencial de 22% sobre a cotação usada como referência pelos analistas.
Eles argumentam que o papel oferece uma combinação atraente de crescimento de lucros e dividendos, por um preço razoável.