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BB Investimentos eleva recomendação da Gol (GOLL4), mas descarta ‘céu de brigadeiro’

03 out 2024, 11:11 - atualizado em 03 out 2024, 11:15
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Apesar da mudança de recomendação, a corretora destaca que isso não configura um otimismo com a Gol. (Imagem: Facebook/GOL Linhas Aéreas)

O BB Investimentos elevou a recomendação da Gol (GOLL4) para neutra após incorporar as projeções macroeconômicas mais recentes, os últimos resultados operacionais e o plano estratégico divulgado pela companhia aérea. 

O analista Luan Calimério destaca em relatório que a Gol apresentou ao mercado um plano de negócios de cinco anos, sustentado pelo programa de investimento em motores para recuperar aeronaves a condições operacionais e crescimento de frota. Além disso, o plano também conta com a expansão da malha aérea e um programa de ganho de eficiência.

“Chamamos a atenção do leitor para o fato de que a saída do Chapter 11 [processo de recuperação judicial nos Estados Unidos] é condição fundamental para a continuidade dos negócios da Gol (caso contrário, a companhia poderia ser liquidada). Portanto, apesar do cenário adverso possuir probabilidade concreta, consideramos o cenário benigno (ou seja, de saída) em nosso modelo”, afirma.

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Com isso, o BB Investimentos apresentou novo preço-alvo de R$ 1,20 para as ações da empresa até final de 2025. Isso representa um potencial de valorização de aproximadamente 16%, considerando o fechamento de R$ 1,03 da quarta-feira (2).

Apesar da mudança de recomendação, a corretora destaca que isso não configura um otimismo em relação à companhia. Mas, sim, uma avaliação de que, caso a saída do Chapter 11 se concretize e o desempenho operacional se desenvolva conforme o esperado, as despesas financeiras serão aliviadas e o desempenho econômico-financeiro da Gol será equacionado.

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Projeções do BB Investimentos para a Gol

Calimério estima a captação de US$ 2 bilhões em dívida e de US$ 1,5 bilhão em novas ações até o final de 2025, o que seria suficiente para liquidar o DIP (debtor in possession — empresa que está sob proteção da falência, geralmente no contexto do Capítulo 11).

Desta forma, seria possível refinanciar parte relevante das dívidas da companhia e para reforçar sua posição de caixa. Tal cenário representa a diluição de mais de 95% dos atuais acionistas.

Do lado do desempenho econômico-financeiro, as projeções são de uma receita líquida entre R$ 18,3 e R$ 22,3 bilhões, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês — trata-se da taxa de retorno necessária para um investimento crescer) de 9,04%.

O EBITDA (Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) deve ficar entre de R$ 4,3 e R$ 6,3 bilhões, com um CAGR de 11,8%; e lucro líquido de R$ 875 e R$ 710 milhões, o que levaria a companhia a uma margem EBITDA de 23%
e 28%.

O analista ainda destaca que o setor de aviação é altamente sensível a fatores externos, como o petróleo, o dólar e as entregas de novas aeronaves, que podem ser um risco e afetar a continuidade dos negócios.