BB Investimentos atualiza preço-alvo do Banco Inter para R$ 16,20
O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) anunciou nesta quarta-feira a revisão do preço das ações do Banco Inter (BIDI4) para R$ 16,20 no final de 2020, com recomendação market perform.
Em relatório enviado a clientes, a equipe destaca que a avaliação reflete a percepção de valor da instituição, que tem elevado potencial de crescimento, a expectativa de posicionamento como referência na corrida pelo digital, além de enxergar possibilidade de ganhos de receitas com atividades totalmente fora do setor bancário.
Os analistas apontam que os números projetados de crescimento para os próximos anos são bastante elevados, acima do que o banco vem demonstrando até o momento. Ao mesmo tempo em que o hidden value da estratégia de varejo possa gerar um elevado upside nos próximos trimestres, a capacidade de execução do plano de crescimento representa o maior risco à tese de investimentos.
O preço-alvo do BB-BI deriva de um mix entre dois modelos: método de desconto dos dividendos (DDM) projetados ao longo de dez anos, considerando duas etapas de crescimento, cada uma com cinco anos, somadas ao cálculo do valor residual na perpetuidade; e o método de avaliação do potencial da base de clientes, pelo qual calcula o ARPU (average revenue per user), o CAC e o CTS, e assim chegando a um valor gerado por cliente por ano.
Nessa dinâmica, os analistas projetam 5 anos e, em seguida, calculam o valor na perpetuidade. Para ambos os modelos, utilizaram um Ke de 13% e uma taxa de crescimento nominal de (g) de 6%.
Nos dois modelos, eles esperam que o Banco Inter encerre 2019 com 4 milhões de contas abertas, além de uma ativação de 64% para 2019, alcançando 74% em 2024.
O número de novas contas, de acordo com nossas projeções, encerrará 2019 com uma média de 10 mil aberturas por dia. Por outro lado, os dados do 3T19 (julho e agosto) apresentam uma desaceleração no ritmo de crescimento de novas contas, uma ligeira queda (média de 10 mil/dia) quando comparado ao pico de junho, quando o ritmo ficou em 10,2 mil.
Desse modo, considerando um crescimento suavizado desse indicador, partir de 2021, projetam uma estabilização em torno de 11 mil/dia.
Vetores de tese de investimento
crescimento da base de clientes: em setembro, o Banco Inter atingiu a marca de 3,3 milhões de clientes, o que representa um crescimento médio anual de cerca de 230% desde 2016. O BB-BI assume que esta base continue a crescer em torno de 35% por ano nos próximos 5 anos dada a baixa penetração no mercado endereçável e a queda de barreiras para bancarização no Brasil.
relacionamento com cliente digital: de acordo com a companhia, seu NPS fechou o 3T19 em 67, sendo o mais elevado no varejo bancário. Embora a métrica de avaliação possa divergir em relação aos demais pares, os analistas perceberam a evolução do indicador ao longo do tempo, que partiu de 60 pontos desde sua primeira medição, que foi no 3T18.
cross selling: número que mede a quantidade de produtos consumidos pelos clientes ativos em determinado período, o cross-selling index do banco Inter vem melhorando a cada trimestre, chegando a 2,92 em sua safra de clientes mais madura.
baixo custo por cliente: com base no processo de consolidação do APP, o Custo de Aquisição de Clientes (CAC) e o Custo Anual de Servir (CTS) do banco têm apresentando uma tendência descendente, reflexo da redução dos custos operacionais e despesas de marketing frente aos trimestres anteriores, amparadas parcialmente pelos índices de promoção de clientes (NPS).
lançamento de novos produtos: para que o Banco Inter conquiste seu objetivo de ser um banco completo e de que seu Super App seja uma plataforma que absorva o conceito de “one-stop-shop”, a companhia precisa aumentar seu portfólio de produtos de forma constante e garantir velocidade de adaptação frente ao mercad em transformação e ausência de barreiras de entrada.
Nesse caso, ser o primeiro banco listado a adotar estratégia de integração do setor financeiro ao varejo confere vantagem, mas a execução permanece como principal componente de risco.
BTG
Em relatório também divulgado nesta quarta-feira sobre os bancos digitais, o BTG Pactual (BPAC11) avalia que essas instituições estão bem posicionadas para atrair clientes, com uma vantagem inerente no que diz respeito a experiência de usuários, recursos, atendimento ao cliente e custos, o que os coloca em uma boa posição para atrair clientes por preços agradáveis e baratos.
No entanto, O BTG está cada vez mais convencido de que a expansão do crédito será fundamental para que esses players sejam vencedores no longo prazo, devido à monetização e rigidez, dada a importância do crédito para os clientes brasileiros. Nesse sentido, os operadores históricos com histórico de crédito em longo prazo parecem bem posicionados para prevalecer, refletindo o quão difícil é iniciar uma operação de crédito.