Agropecuária

BB-BI vê pouco impacto na suspensão temporária de venda de carne bovina à China

04 jun 2019, 12:01 - atualizado em 04 jun 2019, 12:29
Referente às empresas brasileiras de carne bovina sob cobertura do banco, os analistas enxergam um impacto limitado (Foto: Money Times)

Por Investing.com

O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) divulgou nesta terça-feira um relatório avaliando a suspensão temporária das exportações brasileiras de carne bovina para a China, resultante de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) atípica, também conhecida como vaca louca, confirmada no Mato Grosso.

A expectativa dos analistas é que a suspensão dos embarques de carne bovina brasileira para a China deve ser temporária. Apesar disso, até que a situação seja resolvida, o país asiático deve atrasar a emissão de novas licenças para plantas brasileiras.

A equipe do banco vê que a China tem mostrado margens mais altas no mercado internacional, assim, a utilização da capacidade das plantas autorizadas do Brasil está próxima do limite. Portanto, considerando o contexto da Peste Suína Africana (PSA) que deve aumentar a demanda chinesa por carne, os aumentos nos volumes exportados do Brasil já eram altamente dependentes de novas licenças da China.

Brasil aguarda autorização para voltar a exportar carne para a China

Os analisas destacam que, até a segunda quinzena de maio, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, confirmou que enviaria para Pequim uma lista com 30 usinas, segundo as notícias. Assim, embora a China tenha enviado um sinal que permita pelo menos 20, não ficou claro quando isso aconteceria.

Para eles, todo o contexto da PSA e o armazenamento de carne suína já abatida processada pode reduzir gradualmente na China, o que permitiria que as plantas fossem autorizadas no curto prazo.

A expectativa dos analistas é que a suspensão dos embarques de carne bovina brasileira para a China deve ser temporária (Foto: Money Times)

O BB-BI ressalta ainda que a China se tornou o principal destino da carne brasileira. No acumulado do ano, de acordo com a Secex (Agência de Comércio Exterior do Brasil), o volume de carne bovina para a China já subiu 16%, representando 26% do total das exportações de carne bovina, comparado a 24% em 2018.

Referente às empresas brasileiras de carne bovina sob cobertura do banco, os analistas enxergam um impacto limitado, dada a sua diversificação geográfica. Levando em conta o número de plantas autorizadas de cada participante na indústria brasileira de carne bovina, a JBS (JBSS3), que possui seis plantas autorizadas, deve ser impactada mais negativamente. Mesmo assim, as exportações da JBS para a China do Brasil representam apenas 1,7% da receita total no consolidado.

Na avaliação do BB-BI, a Marfrig (MRFG3), que possui três fábricas no Brasil que exportam para a China deve ter o impacto também pode ser parcialmente compensado devido à diversificação geográfica da empresa. Volumes poderiam ser desviados para o Uruguai e Argentina, que também atende à demanda da China através de quatro e duas plantas, respectivamente.

Minerva (BEEF3), por sua vez, tem uma condição mais favorável, pois a empresa exporta para o mercado chinês apenas através da planta de Barretos, em São Paulo, e possui outras três unidades de abate no Uruguai e outra Argentina.

A equipe do bando destaca que, desde 2015, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) exclui a EEB atípica para o propósito do estatuto de risco dos países, dado o seu risco marginal relacionado com a doença (vaca louca). Além disso, a OIE já analisou esse caso em particular e não alterou o status sanitário do Brasil antes mencionado. Portanto, acreditamos que a suspensão pode ser revertida em breve.