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Dividendos do BB (BBAS3) sob pressão: Analistas colocam em dúvida projeções da estatal

22 jun 2025, 16:00 - atualizado em 19 jun 2025, 15:28
Banco do Brasil
(Imagem: iStock/diegograndi)

No início do ano, o Banco do Brasil (BBAS3) divulgou suas projeções (guidance) com a expectativa de distribuir de 40% a 45% do seu lucro aos acionistas.

Chamado de payout, a cifra já vinha com uma mudança em relação a 2024.

Enquanto no ano passado, o BB previa pagar 45%, para este ano o BB deixou uma banda de tolerância, com espaço para pagar menos dividendos.

E o número pode piorar ainda mais. Após resultados fracos no primeiro trimestre, analistas acreditam que o BB não vai conseguir entregar o que prometeu.

Lembrando que as projeções de lucro, custo de risco e margem financeira estão paralisadas devido às incertezas. Na primeira etapa do ano, a estatal lucrou R$ 7 bi, quando o mercado esperava R$ 9 bi.

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) também desabou para 16,7%, enquanto a inadimplência explodiu, assim como as provisões.

Tudo isso fez casa revisarem seus cálculos.

Em relatório da última quarta, o JPMorgan escreveu que o atual payout pode se tornar insustentável, considerando tanto o crescimento da carteira quanto a pressão sobre o capital.

A expectativa de payout foi reduzido para 30%, contra expectativa anterior de 40-45%, para proteger o capital.

O Itaú BBA também diminuiu as projeções de dividendos, com dividend yield estimado em 6%, abaixo dos níveis recentes, e expectativa de payout de 30%, contra a faixa de 40-45% do guidance oficial do BB.

A própria instituição já admite que pode diminuir o lucro distribuído.

Em relatório do Goldman Sachs, que conversou com a administração, o Banco do Brasil indicou que não deseja que o pagamento de dividendos atrapalhe a expansão da carteira de crédito.

“Dependendo das tendências operacionais, o banco poderá reavaliar seu índice de payout atual de 40% a 45%”, escreveu o banco.

Dividendos do Banco do Brasil ainda atrativos?

Se o BB perdeu espaço nas recomendações de compra, em termos de dividendos, continua sendo visto como uma opção interessante. Seis casas ainda recomendam o papel — uma delas, o Safra.

Segundo o banco, a estrutura de funding favorável do banco suporta o ciclo de aperto monetário, e as altas nas taxas de juros devem beneficiar a margem dos depósitos.

Diferentemente de parte do mercado, o Safra sustenta que, mesmo com um cenário mais desafiador para o agronegócio, que pressiona os índices de inadimplência, o ROE do banco deve se manter acima de 20% em 2025.

“Adicionalmente, esperamos que o banco mantenha um bom fluxo de pagamento de dividendos.”

dividend yield estimado para o BB é de 11,3%, segundo o Safra.

Exagero?

Mas, quando o mercado fica excessivamente pessimista, seria esse um bom momento para entrar no papel? Afinal, o BB segue sendo uma instituição sólida, atravessando um mau momento pontual.

De acordo com Régis Chinchila, da Terra Investimentos, sim, o mercado pode ter reagido de forma exagerada. Segundo ele, o movimento recente nas ações do BB reflete mais um ajuste de percepção do que uma deterioração efetiva dos fundamentos.

“O aumento da inadimplência, especialmente no crédito rural, foi visto com preocupação, mas está sendo monitorado de perto e não compromete, neste momento, a saúde financeira do banco.”

Ele lembra que o banco ainda projeta crescimento na carteira de crédito e mantém uma boa geração de resultados recorrentes, mesmo em um cenário de juros altos e volatilidade política.

“Historicamente, o banco tem demonstrado resiliência em ciclos adversos, e a atual precificação pode estar mais ligada ao medo de curto prazo do que a riscos efetivos de longo prazo.”

Por outro lado, relatório do JPMorgan joga água fria nessa tese. O banco reduziu o preço-alvo de R$ 31 para R$ 28, o que representa um potencial de alta de 28% em relação ao fechamento, mas manteve a recomendação em neutra.

Os analistas são diretos: problemas de qualidade dos ativos — especialmente na carteira rural — costumam demorar para serem resolvidos. Ou seja, apostar agora em uma recuperação pode ser arriscado.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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