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Bayer negocia indenizações de US$ 10 bilhões para Roundup

24 jan 2020, 12:52 - atualizado em 24 jan 2020, 12:52
Bayer
As ações da Bayer acumulam queda de cerca de 23% desde que a empresa comprou a gigante agrícola Monsanto por US$ 63 bilhões, trazendo o Roundup na mala (Imagem: REUTERS/Wolfgang Rattay)

Em uma tentativa de arquivar dezenas de milhares de queixas de que o herbicida Roundup da Bayer causa câncer, advogados de alguns demandantes discutem acordos com a empresa que podem levar a uma indenização total de cerca de US$ 10 bilhões, segundo pessoas com conhecimento direto das negociações.

Em algumas discussões, advogados da Bayer disseram que a fabricante de produtos químicos vai reservar US$ 8 bilhões para resolver os processos atuais e outros US$ 2 bilhões para futuras queixas, disseram as cinco pessoas.

O Roundup foi responsabilizado por doenças, incluindo linfoma não Hodgkin, que pode levar anos para ser diagnosticado. A Bayer não quis comentar os números ou quaisquer termos em negociação.

As ações da Bayer acumulam queda de cerca de 23% desde que a empresa comprou a gigante agrícola Monsanto por US$ 63 bilhões, trazendo o Roundup na mala. Com a crise, a Bayer perdeu cerca de US$ 18 bilhões em valor de mercado.

Se a solução do litígio custar à Bayer US$ 10 bilhões, as ações da empresa poderão subir rapidamente para 90 euros em relação aos atuais 76 euros, disse Markus Mayer, do Baader Bank, em e-mail na manhã de sexta-feira.

De qualquer forma, o valor de US$ 10 bilhões não é definitivo e pode mudar durante as negociações, disseram as pessoas, que não quiseram serem identificadas.

Ken Feinberg, o principal mediador dos processos, indicou que acordos envolvendo 85 mil queixas sobre o Roundup nos EUA poderiam ser fechados em um mês. Feinberg disse que não tem conhecimento dos números sendo discutidos nas conversas para as indenizações.

As negociações estão ocorrendo entre advogados da empresa e grupos separados de advogados de demandantes, cada um com um número considerável de processos.

Embora Feinberg tenha dito em e-mail que continua otimista, “quaisquer detalhes sobre o que pode constituir um acordo abrangente são pura especulação tanto em termos de dólares quanto em critérios de elegibilidade”.

Chris Loder, porta-voz da empresa nos EUA, disse que o número citado por Feinberg é “uma estimativa especulativa” que inclui “potenciais demandantes” que não apresentaram queixas nos tribunais e que “o número de casos atendidos em uma base trimestral permanece significativamente abaixo de 50 mil”.

“O processo de mediação continua diligentemente e de boa fé para explorar a resolução sob os auspícios de Ken Feinberg”, disse Loder na quinta-feira. “Também não há certeza ou cronograma para uma resolução abrangente.”