Internacional

Batalha da Índia contra poluição do ar poderia elevar emissões

09 dez 2019, 9:30 - atualizado em 09 dez 2019, 9:30
A Índia se comprometeu em reduzir a quantidade de gases de efeito estufa liberada para cada unidade de crescimento econômico em cerca 30% até 2030 em relação aos níveis de 2005 (Imagem: Pixabay)

A batalha da Índia contra a poluição do ar pode ter uma consequência não intencional: o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Aparelhos de controle de poluição exigidos pelo governo para usinas a carvão, que reduzem a poluição por dióxido de enxofre, também podem elevar as emissões de dióxido de carbono em usinas individuais, segundo relatório da Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

Isso poderia limitar a capacidade da Índia de cumprir compromissos internacionais para reduzir a intensidade das emissões de carbono.

“Tudo se resume a uma troca entre os impactos locais na saúde e o aquecimento global”, disse Deepak Krishnan, diretor associado do World Resources Institute em Bangalore, na Índia.

A Índia se comprometeu em reduzir a intensidade das emissões – a quantidade de gases de efeito estufa liberada para cada unidade de crescimento econômico – em cerca 30% até 2030 em relação aos níveis de 2005, seguindo as metas do Acordo de Paris.

Uma série de relatórios científicos mostrou que os países não estão fazendo o suficiente para evitar um forte aumento da temperatura global, o que levou jovens ativistas a pedirem soluções mais extremas do que as promessas atuais dos governos durante a Conferência da ONU sobre o Clima (COP25) em Madri.

Os ministérios federais de Energia e Meio Ambiente, as duas agências envolvidas na implementação dos aparelhos de controle de poluição, não responderam aos pedidos de comentário.

Em dezembro de 2015, o Ministério do Meio Ambiente da Índia impôs limites às emissões de gases tóxicos, incluindo SO2 e óxidos de nitrogênio que saem das chaminés de usinas, concedendo um prazo de dois anos para que as operadoras modernizassem as instalações. Mas o prazo foi estendido para até cinco anos devido aos problemas financeiros das geradoras.

Uma abordagem mais prática seria priorizar a exigência das chamadas unidades de dessulfurização de gases de combustão, ou FGDs na sigla em inglês, em áreas com altos níveis de dióxido de enxofre, disse R. Srikanth, professor de energia e recursos naturais do Instituto Nacional de Estudos Avançados, em Bangalore.