Por que não pensar ousadamente sobre Petrobras?, diz Guedes sobre privatização
O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez acenos à privatização da Petrobras (PETR4) nesta segunda-feira ao sugerir “pensar ousadamente” sobre a empresa, e destacou que a mera menção a esta possibilidade pelo presidente Jair Bolsonaro foi o suficiente para fazer as ações da petroleira dispararem.
“Não adianta ficar uma placa dizendo que é estatal e o petróleo não sai do chão, e quando sai, sai com corrupção”, disse Guedes ao participar no Palácio do Planalto do lançamento do Plano Nacional de Crescimento Verde.
Bolsonaro confirmou nesta segunda-feira, em entrevista para uma rádio de Mato Grosso do Sul, que a privatização da Petrobras “entrou no radar” do governo.
Por sua vez, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que o governo federal estuda enviar um projeto de lei ao Congresso que visa a venda de ações e a privatização da companhia.
“Bastou o presidente dizer ‘olha, vamos estudar isso aí, isso é um problema’ que o negócio sobe 6%. De repente são mais duas, três semanas, se isso acontecesse, são 100-150 bilhões (de reais) criados, isso não existia”, afirmou Guedes. “Não dá para dar 30 bilhões para os mais frágeis num momento terrível como esse se basta uma frase do presidente para aparecer 100 bilhões, brotar do chão de repente? Por que que nós não podemos pensar ousadamente a respeito disso?”, complementou.
Também impulsionados pelo reajuste no preço dos combustíveis, os papéis preferenciais da Petrobras encerraram o pregão desta sexta-feira em alta de 6,84%, ao passo que as ações ordinárias avançaram 6,13%, ajudando a guiar a subida de 2,28% do Ibovespa.
Guedes voltou a defender a canalização de recursos ao Auxílio Brasil, reconhecendo que, seja com pedido de despesas extra-teto, seja com revisão na própria regra do teto, “a verdade é vai haver gasto um pouco maior”, da ordem de “30 e poucos bilhões”.
A indicação clara do governo na semana passada sobre a intenção de contornar a regra do teto, considerada a única âncora fiscal crível do país, para acomodar uma expansão do Auxílio Brasil em ano eleitoral aumentou a percepção de risco dos agentes quanto à economia brasileira, com reflexos na queda da bolsa, aumento dos juros futuros e disparada do dólar frente ao real.
O ministro da Economia voltou a defender que o governo não podia tirar 10 em política fiscal e zero em sensibilidade social, frisando que a concessão de um benefício mínimo de 400 reais às famílias dentro do Auxílio Brasil foi um pedido do presidente, “que na verdade é um comando”.
Guedes afirmou ainda que o sucessor do Bolsa Família será um protótipo da renda básica mínima e que essa ideia já constava no programa eleitoral de Bolsonaro.
O ministro voltou a reforçar a expectativa de crescimento da economia no ano que vem em meio a revisões de grandes bancos sobre esse desempenho, mencionando que a divulgação dos dados de setembro do Caged, que será feita na terça-feira, mostrará a criação de mais de 300 mil empregos no país.
Guedes também disse que a arrecadação federal tem batido recordes e já está 300 bilhões de reais acima do previsto.
“A pergunta é o seguinte: para um país que arrecadou 300 bilhões (de reais) a mais que no ano passado, 30 bilhões (de reais do Auxílio Brasil) são 10%”, disse.
O ministro também buscou destacar seu alinhamento com o presidente após especulações sobre sua saída do governo na semana passada muitas delas alimentadas por integrantes de outras pastas do próprio Executivo, na sequência do pedido de demissão do primeiro escalão do Tesouro Nacional.
“É sempre assim, estou morrendo afogado, ele aparece, renova a confiança e nós continuamos nessa aliança de conservadores e liberais por um futuro melhor para o nosso país”, afirmou.
Sobre o Plano Nacional de Crescimento Verde, o ministro da Economia disse tratar-se de iniciativa para mostrar ao mundo que o Brasil detém o maior estoque de recursos naturais preservados e que não pode ser tratado como vilão da poluição internacional.
Da mesma forma que o governo conta com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para coordenação dos investimentos na economia convencional, agora passará a contar com um comitê de crescimento verde que vai integrar os ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, Economia e bancos públicos, disse Guedes.