BusinessTimes

Bastidores de Brasília: O discreto aceno de Lira para Lula

04 fev 2022, 13:38 - atualizado em 04 fev 2022, 13:38
Arthur Lira, presidente da Câmara
O escolhido vai substituir a atual presidente da corte, Ana Arraes, que completará 75 anos em julho e terá que se aposentar (Imagem: Ag. Câmara/ Zeca Ribeiro)

O presidente da Câmara, Arthur Lira, começou a fazer acenos sutis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lira transferiu a escolha do nome do novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) do primeiro semestre para novembro.

O escolhido vai substituir a atual presidente da corte, Ana Arraes, que completará 75 anos em julho e terá que se aposentar.

O adiamento foi visto por integrantes do Tribunal como uma forma de mostrar a Lula que Lira está disposto ao diálogo e em busca de apoio para se reeleger para o comando da Câmara no ano que vem caso o petista vença as eleições.

O que decide a eleição

Alguns caciques do MDB consideram que a eleição de 2022 já está definida em favor de Lula. O que falta é saber se o assunto será resolvido no primeiro ou no segundo turno, e o termômetro será a economia.

Se o PIB andar, a inflação ceder e o Auxílio Brasil começar a surtir efeito na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, ele ainda ganha fôlego para levar a disputa ao segundo turno.

Criptonita

Deputados do partido liberal (PL), de Bolsonaro, estão consultando as bases no Nordeste para saber a quantas anda o efeito do Auxílio Brasil na popularidade do presidente.

A ideia é descobrir se ele vai ser um cabo eleitoral de peso nesses estados ou se virou criptonita da qual eles devem se afastar ao longo da corrida ao Palácio do Planalto. A aposta é que o cenário pode melhorar, embora as pesquisas ainda não tenham mostrado um efeito expressivo na imagem do presidente com o primeiro pagamento.

Além da inflação

O Banco Central tem que ter metas além da inflação na hora de definir os juros no país. Essa é a visão de uma ala dos economistas com os quais o ex-presidente Lula tem conversado para definir seu programa econômico na campanha eleitoral.

O ex-ministro da Economia, Guido Mantega, por exemplo, acha que políticas fiscal e monetária precisam estar conectadas.

Para ele, o ideal seria que a lei da autonomia do BC fosse revogada. Mas mesmo que isso não ocorra, ele acredita que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato vai até 2024, terá uma relação cordial e de cooperação com Lula caso o PT vença a eleição.