Política

Bastidores de Brasília: O dilema econômico de Bolsonaro

24 dez 2021, 10:00 - atualizado em 24 dez 2021, 17:41
Bolsonaro tem ouvido que o aumento do Auxílio Brasil é bem mais interessante para o centrão, que vai se beneficiar dessa bandeira nos estados (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

A visão de que um aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 poderia ajudar o presidente Jair Bolsonaro a ganhar terreno na corrida eleitoral não é unânime na ala política do governo.

Há quem diga ao presidente que inflar o programa social terá consequências econômicas graves que podem lhe custar a reeleição.

Bolsonaro tem ouvido que o aumento do Auxílio Brasil é bem mais interessante para o centrão, que vai se beneficiar dessa bandeira nos estados, do que para ele próprio, que ficará também com o ônus de pressionar a inflação e de piorar a imagem fiscal do Brasil junto ao mercado financeiro.

Custa caro

Integrantes da equipe econômica afirmam que não há espaço para turbinar o Auxílio Brasil para R$ 600. Essa conta representaria uma despesa adicional de cerca de R$ 45 bilhões, valor um pouco maior do que foi aberto para o pagamento das despesas com precatórios em 2022.

O assunto, por enquanto, está restrito ao entorno político do presidente, mas já há uma preparação para tentar bloquear a ideia se e quando ela chegar à Economia.

Alianças

O PSB quer esperar até janeiro, no máximo, para que o PT diga se aceita ou não ceder os estados em que o partido quer encabeçar a aliança na corrida eleitoral de 2022.

Em Pernambuco, no entanto, o xadrez é mais complicado. O candidato natural do PSB, o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio, não está querendo disputar o governo. Isso significa uma dor de cabeça adicional para o governador Paulo Câmara fazer seu sucessor.

O PSB pode acabar tendo que negociar com outros partidos aliados e perder a hegemonia no estado que governa desde 2007. Câmara ainda não decidiu seu futuro político, mas aliados dizem que ele espera espaço no Palácio do Planalto num eventual governo do PT.

Agenda

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai manter o discurso de luta pelas reformas até o fim, mas nada disso andará em 2022.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, vai manter a casa em atividade até junho, quando a corrida eleitoral já terá esquentado, mas já disse a líderes partidários que vai tratar de propostas menos estruturais. A ideia é começar o ano com o projeto que legaliza jogos de azar e com o novo Refis.