Bastidores de Brasília — Na campanha de Lula, uma coisa é certa: o fim do teto de gastos
A equipe econômica já sabia que seria uma questão de tempo até que fosse preciso conceder subsídios aos combustíveis, incluindo a gasolina, algo que o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, dizia não fazer o menor sentido, pois favoreceria especialmente a alta renda.
Diante do inevitável, com a pressão do presidente Jair Bolsonaro e do Congresso em pleno ano eleitoral, restou aos técnicos do governo esperar que o mercado compreenda a necessidade da medida.
Nos bastidores, eles atribuem a reação ruim dos investidores à forma atabalhoada como o governo explicou a PEC dos combustíveis e a desoneração de PIS/Cofins e Cide para a gasolina e o etanol.
Os técnicos esperam que a retirada de quase R$ 30 bilhões em despesas do teto de gastos este ano seja compreendida pelos investidores como algo que não afetará estruturalmente o equilíbrio das contas públicas.
Receio com combustíveis dispara corrida de locais por dólar.
Mesmo assim
Mesmo assim, o fato é que, para além do teto, as novas medidas vão piorar o desempenho das contas públicas este ano.
A equipe econômica esperava que tanto o governo central quanto o setor público consolidado fechassem 2022 no azul.
Agora, com as novas medidas, o governo central já virou para um novo déficit. Já o setor público talvez termine o ano com um pequeno superávit.
Diretrizes
Em documento encaminhado esta semana a partidos aliados, a coordenação da pré-campanha do ex-presidente Lula, apresentou diretrizes preliminares de um futuro programa de governo.
Aliados de Lula admitem que muito pode ser mudado ali na hora de negociar com os demais partidos da coligação.
No entanto, na economia, uma coisa já é certa: o fim do teto de gastos. Segundo um aliado do ex-presidente, depois da PEC dos precatórios e da nova PEC dos combustíveis é difícil até admitir que o Brasil tem um teto de gastos.
Surpresa
À frente das negociações com o governo sobre propostas para baixar os preços dos combustíveis, o senador Fernando Bezerra Coelho havia anunciado no início da semana o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (PL-TO), como pai da PEC dos combustíveis.
Só esqueceram de avisar ao próprio Gomes, que se surpreendeu ao ser procurado por jornalistas para falar sobre o assunto. Gomes chegou a ligar para sua chefe de gabinete para saber do que se tratava. A paternidade acabou sendo dada ao novo líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ).
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