Bastidores de Brasília: Desembarque do centrão está dado, questão é quando
O desembarque do centrão do governo está dado — a questão é quando ele vai acontecer. O centrão tem optado por medir a temperatura no dia a dia porque não acredita que Jair Bolsonaro vai abandonar o discurso de ataque a outros poderes completamente.
O plano de saída chegou a ser acelerado com o acirramento da briga entre o presidente e o Supremo Tribunal Federal (STF) pós-7 de setembro. No dia seguinte às manifestações, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foram ao Palácio da Alvorada e avisaram que não poderiam fazer muito mais pelo governo se o presidente não trabalhasse por uma conciliação.
Os ânimos se acalmaram com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, adiando o desembarque. Mas a visão do bloco, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto, é que a saída do governo é uma questão de tempo.
Precatórios
Aprovar uma PEC no Orçamento de 2022 é hoje a melhor chance que o governo tem para resolver o problema dos precatórios, mas ela ainda é baixa. Lira fará a sua parte para conseguir apoio suficiente entre os deputados, mas a mesma disposição não é vista no Senado.
Apesar de uma aproximação entre as casas nos últimos dias, patrocinada por Lira, o governo hoje não tem votos nem para passar um projeto de lei no Senado, afirma uma pessoa que acompanha as negociações. Além disso, mexer em precatórios significa mexer nas contas de governadores, e senadores não querem endossar esse movimento.
Dilema
Os ministros do STF não têm nenhuma vontade de ajudar o governo a resolver o problema dos precatórios, mas sentem que não podem lavar totalmente as mãos sobre a questão. Primeiro porque sabem que a solução abre caminho para um programa social relevante.
E depois porque foi o próprio STF quem mudou a forma de correção das dívidas de precatórios de TR para IPCA, o que tornou essas dívidas muito mais caras.
Rodrigos
Lideranças da Câmara têm afirmado que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está cada dia mais parecido com Rodrigo Maia.
Afirma que assim como fazia o ex-presidente da Câmara, Pacheco tem feito acordos de colocar pautas em votação e depois descumprido, barrando a votação de propostas econômicas que os deputados conseguem aprovar.