Política

Bastidores de Brasília: A pisada na bola de Guedes

09 set 2022, 18:39 - atualizado em 09 set 2022, 18:44
Uma delas, por exemplo, é que a inflação usada para corrigir o teto de gastos na proposta, de 7,2%, foi mais alta do que a que efetivamente irá corrigir o limite de despesas (Imagem: Flickr/Edu Andrade/scom/ME)

A sinalização dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo poderia recorrer a um decreto de calamidade para assegurar o pagamento de um Auxílio Brasil turbinado em 2023 preocupou integrantes da equipe econômica.

Eles avaliam que o chefe fez uma jogada de campanha que pode acabar se virando contra o governo caso o presidente Jair Bolsonaro se reeleja.

Todo o trabalho que está sendo feito nos bastidores da Economia envolve buscar uma alternativa sustentável para as contas públicas a partir do ano que vem e não um decreto de calamidade, afirmam os técnicos.

Já será preciso mexer na regra do teto com uma emenda constitucional, seja transformando a dívida pública num referencial para as despesas ou desindexando gastos para criar espaço fiscal. Esse, avaliam, deveria ser o caminho.

Preparado

O secretário especial de Tesouro e Orçamento Esteves Colnago está sendo preparado para um verdadeiro interrogatório quando for discutir o projeto de lei orçamentária de 2023 no Congresso.

A equipe econômica sabe das fragilidades da proposta, mas considera que tem argumentos para rebater eventuais críticas.

Uma delas, por exemplo, é que a inflação usada para corrigir o teto de gastos na proposta, de 7,2%, foi mais alta do que a que efetivamente irá corrigir o limite de despesas  o boletim Focus já projeta o IPCA de 2022 em 7,11%.

Isso, na prática, fará com que a margem para o aumento de despesas, de quase R$ 120 bilhões, seja menor.

Um argumento em defesa do governo seria que uma inflação mais baixa também faz com que as despesas indexadas, como benefícios previdenciários, também sejam menores.

Dos quase R$ 120 bilhões de margem no teto, R$ 71 bilhões serão ocupados com Previdência.

Além de Ciro

Lideranças do PT têm demonstrado preocupação com a estratégia de Ciro Gomes de aumentar os ataques contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o partido na campanha eleitoral.

A leitura é que Ciro está tratando as coisas de forma tão polarizada que afasta o PDT do campo de esquerda que tradicionalmente se alia a Lula num eventual segundo turno.

Eleitores de Ciro ficariam tão insuflados contra Lula que poderiam até mesmo se voltar para Bolsonaro.

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