‘Base’ do agro crítica duramente Eduardo Bolsonaro por abrir crise com China
A manifestação do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), culpando a China pela disseminação global da pandemia, causou indignação em várias correntes do agronegócio. O maior parceiro comercial do Brasil, em vias de começar a caminhar para a normalização da crise, reagiu forte através da embaixada em Brasília.
Abre um risco desnecessário de retaliação chinesa. Mais um, na verdade, além de outros que já foram abafados com outros países.
Enquanto as entidades ainda não se manifestaram, as ‘bases’ do agronegócio inundam as páginas de conversas por aplicativo, entre os quais o Whatapp. Teve quem o classificou, no grupo da consultoria AgroAgility, de “vagabundo, tentando estragar um trabalho de vários anos”, se referindo às negociações prolongadas e difíceis com os chineses até que o Brasil chegasse ao sucesso atual nas relações comercias.
Se não chega surpreender a fala do deputado – está em linha com artigos de Tales Farias, em UOL, mostrando como os Bolsonaros e círculos veem a situação como conspiração da China para atacar a economia mundial -, surpreende pelas críticas que se multiplicam em vários grupos de conversas por aplicativo. E de apoiadores incondicionais do governo, tanto quanto o setor sempre o foi.
Participante de oito grupos – de cadeias do café à soja/milho, da sucroenergia ao boi, fora os multisetoriais -, que muito contribuem com informações importantes para o jornalismo do agronegócio, este repórter é testemunha.
Numa soma rápida de participantes, são mais de 3,3 mil.
Não posso dar alguns nomes para exemplificar, na medida que mesmo sendo conversas em grupo – portanto abertas (os nomes e telefones do membros são públicos) – não possuo autorização para divulgar.
Mas posso reproduzir uma intervenção postada no grupo AgroAgility, referência na pecuária: “O ideal seria a família inteira (Bolsonaro) ser proibida de usar a internet… Competição acirrada de quem é mais idiota”.