Política

Barroso diz que Bolsonaro vazou dados que ajudam “milícias digitais” e criminosos

02 fev 2022, 8:25 - atualizado em 02 fev 2022, 8:25
Luís Roberto Barroso TSE
“Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos”, disse o presidente do TSE (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse na terça-feira que o presidente Jair Bolsonaro vazou dados sigilosos de um inquérito da Polícia Federal que ajudam “milícias digitais” e criminosos que tentam realizar ataques cibernéticos ao sistema eleitoral brasileiro.

“Informações sigilosas que foram oferecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”, afirmou Barroso em discurso na abertura do ano da Justiça Eleitoral.

“O presidente da República vazou a estrutura interna de TI do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos”, acrescentou o ministro, que é alvo constante de ataques de Bolsonaro e de apoiadores do presidente.

Em agosto do ano passado, Bolsonaro divulgou dados de um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao TSE em 2018, que não teve qualquer consequência ao processo eleitoral daquele ano, para, mais uma vez e novamente sem apresentar provas, colocar em dúvida a segurança e lisura do processo eletrônico brasileiro.

Bolsonaro repete com frequência, e sem apresentar evidências, que houve fraude na eleição de 2018, vencida por ele, e que ele deveria ter sido eleito no primeiro turno.

Como a investigação da PF é sigilosa, foi aberto inquérito contra o presidente para investigar um vazamento. O procedimento é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes determinou na semana passada que Bolsonaro prestasse depoimento à Polícia Federal no âmbito da investigação, mas o presidente não compareceu.

Em seu discurso, Barroso disse ainda que não existem adjetivos capazes de qualificar as atitudes de Bolsonaro e assegurou, mais uma vez, que as urnas eletrônicas são seguras e que não é possível alterar o resultado das eleições no Brasil por meio de ataques cibernéticos.

“Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, disparou.

“Sempre lembrando, a maior segurança das urnas eletrônicas brasileiras é que elas nunca entram em rede. Portanto, nem o vazamento permite que se comprometa o resultado das nossas eleições”, garantiu.

Procurada, a Presidência da República não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre as declarações de Barroso.

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