Barclays é 1º banco europeu a enfrentar resolução sobre clima
Acionistas do Barclays enviaram uma proposta que, segundo eles, seria a primeira resolução sobre mudança climática de um banco europeu, com alvo no apoio da instituição financeira a combustíveis fósseis.
Onze investidores institucionais e mais de 100 indivíduos querem que o Barclays explique como reduzirá gradualmente o financiamento de empresas de energia que não se alinham com os objetivos climáticos do Acordo de Paris, segundo documento da organização sem fins lucrativos britânica ShareAction, que coordenou a proposta.
Os acionistas votarão a resolução, registrada na terça-feira, em reunião anual do Barclays em maio.
Não se afastar de setores poluidores “expõe o banco e seus acionistas a riscos de capital elevados diante da aceleração da descarbonização”, disse Natasha Landell-Mills, chefe de “stewardship” da Sarasin & Partners, que monitora práticas de governança corportativa e que assinou a resolução. “Em um momento de incerteza econômica, o conselho não deve assumir mais riscos.”
Protestos
“Estamos trabalhando para ajudar a combater a mudanças climática, e nos reunimos com a Share Action e com outros acionistas regularmente para atualizá-los sobre nosso progresso”, disse o Barclays em comunicado.
O Barclays enfrentou críticas por sua contínua ligação com empresas de combustíveis fósseis. O banco é o maior investidor do setor na Europa e o sexto maior globalmente, com financiamentos de US$ 85,2 bilhões nos três anos após o Acordo de Paris acertado em 2015 para limitar as emissões globais, de acordo com o grupo ambiental Rainforest Action Network.
Na reunião anual do ano passado, manifestantes interromperam comentários do CEO Jes Staley sobre as políticas verdes do banco com gritos de “diga a verdade”.
No geral, a pressão de investidores sobre questões climáticas mostra resultados diversos. O apoio médio às propostas de acionistas sobre meio ambiente e mudanças climáticas é de apenas 28% contra 22% em 2013, segundo análise de empresas dos EUA conduzida pela consultoria EY.
No ano passado, acionistas aprovaram algumas resoluções de relatórios climáticos do First Rand e do Standard Bank, da África do Sul.
No Barclays, gestores de planos de aposentadoria, como a Brunel Pension Partnership e LGPS Central, bem como o Central Board of the Methodist Church, estão entre os que assinaram a resolução. Os dados compilados pela Bloomberg mostram que nenhum deles é um dos 30 principais investidores do banco.
O Barclays é um dos signatários fundadores dos Princípios para Responsabilidade Bancária da ONU, documento lançado em setembro para alinhar as instituições financeiras às iniciativas internacionais para combater as mudanças climáticas e outras questões ambientais e sociais.
No entanto, o banco não se juntou a 36 empresas que também assinaram o Compromisso Coletivo de Ação pelo Clima, que envolve a adoção de medidas concretas para financiar uma economia de baixo carbono, necessária para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius.
O banco informou que subscreveu 27,3 bilhões de libras (US$ 35,8 bilhões) em títulos verdes e financiamento renovável em 2018. O Barclays ocupava a 10ª posição na subscrição de títulos verdes naquele ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.