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Barbados testa diplomacia digital com embaixada no metaverso

14 dez 2021, 16:23 - atualizado em 14 dez 2021, 16:23
Parlamento Barbados
Portanto, uma rede virtual de embaixadas parece inevitável, disse Gabriel Abed, que esteve por trás da iniciativa de diplomacia digital em Barbados (Imagem: Wikimedia Commons)

Quando Barbados, com 287.370 habitantes, abrir sua próxima embaixada, praticamente qualquer pessoa no planeta poderá bater à porta.

O complexo diplomático está sendo construído no Decentraland, um mundo online, ou metaverso, acessível por meio de um computador e aparelho de realidade virtual.

Céticos, tomem nota: um lote de imóveis virtuais no Decentraland foi vendido recentemente por US$ 2,43 milhões. Gucci, Christian Dior e Ralph Lauren estão vendendo roupas virtuais em mundos 3D. A empresa de gestão de ativos de criptomoedas Grayscale estima que o metaverso é “uma oportunidade de receita de um trilhão de dólares”.

Portanto, uma rede virtual de embaixadas parece inevitável, disse Gabriel Abed, que esteve por trás da iniciativa de diplomacia digital em Barbados.

“Isso vai mudar a maneira como o mundo funciona”, disse Abed, de 35 anos, em entrevista por telefone de Dubai, onde é o embaixador do mundo real de Barbados nos Emirados Árabes Unidos. “A embaixada é algo pequeno. O grande ponto é o que os governos podem fazer juntos quando o terreno não for mais físico e as limitações não fizerem mais parte da equação.”

Antes mesmo de o Facebook mudar o nome da empresa para Meta em outubro, o chamado metaverso já mostrava rápida expansão.

Em linhas gerais, um metaverso é um ambiente online e imersivo onde as pessoas podem interagir em tempo real por meio de avatares. O Decentraland permite que os usuários comprem e vendam arte digital e lotes de terrenos virtuais ou participem de festivais de música do mundo digital com atos do mundo real.

Mas Abed disse que o metaverso também tem implicações mais sérias para países pequenos e muito endividados como o dele.

“Trata-se de paridade diplomática. Simplesmente não podemos apoiar 197 missões diplomáticas no mundo todo”, afirmou. “Reconhecemos que somos uma ilha de 430 quilômetros quadrados – somos minúsculos – mas, no metaverso, somos tão grandes quanto a América ou a Alemanha.”

O complexo diplomático de Barbados deve custar entre US$ 5 mil e US$ 50 mil para ser construído, mas todas as despesas estão sendo cobertas por uma doação de “cinco dígitos” do Decentraland. Outros usuários do site também se ofereceram para doar terrenos, disse.

“O custo não é tão ruim”, destacou. “É uma fração do que custa uma embaixada física.”

E-mails para o Decentraland com pedidos de comentários não foram respondidos de imediato.

O projeto também visa manter a ilha do Caribe Oriental conectada à tecnologia global, disse Abed.

“Você não quer apresentar a Internet aos seus cidadãos no ano de 2021”, afirmou. “Da mesma forma que no metaverso você não quer esperar até 2030, quando isso fizer parte da interação social cotidiana, para começar a explicá-lo.”

Não é surpresa que o Caribe esteja liderando a iniciativa da diplomacia digital, disse Cleve Mesidor, consultora de políticas públicas da Blockchain Association, com sede em Washington, D.C.

As Bermudas têm se promovido ativamente como um polo blockchain e de criptomoedas desde 2018. As Bahamas lançaram a primeira moeda digital do banco central do mundo, ou CBDC na sigla em inglês, em 2020 – poucas semanas antes do Banco Central do Caribe Oriental.

“Sempre houve uma competição saudável no Caribe quando se trata de adotar novas tecnologias”, disse Mesidor.

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