Banqueiro sobre arcabouço fiscal: ‘Agora precisa cumprir’
Os mercados e agentes financeiros receberam de forma positiva o esforço do governo para colocar as contas públicas em ordem. Ao Money Times, o CEO da BR Partners (BRBI11), Ricardo Lacerda, disse que o arcabouço é bom nas metas, mas precisa ser cumprido.
Questionado se as metas podem aliviar a pressão do Banco Central e ajudar a derrubar os juros, hoje em 12,75%, o executivo afirma que ‘certamente’.
Sobre a postura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lacerda afirma que o petista está sereno e empenhado em implementar uma boa dinâmica com os mercados. “Ele assumiu uma postura condizente com o cargo”, completa.
Na bolsa, o Ibovespa sobe forte, enquanto o dólar está em queda. De modo geral, o projeto desenvolvido pela Fazenda prevê que o governo deve gastar menos do que arrecada com o objetivo de controlar a trajetória da dívida pública.
Inicialmente, a dívida bruta do governo geral (DBGG) vai crescer entre 2023 e 2024, mas vai se estabilizar entre 2025 e 2026.
A nova regra fiscal atrela o crescimento das despesas a 70% do avanço da receita do Estado. Deste modo, caso a arrecadação federal for de 10% acima da inflação, os gastos poderão crescer 7%, por exemplo.
“O mercado está recebendo bem essa proposta do arcabouço. Tudo indica que está na direção certa e vai buscar superávit e a estabilização das dívidas.”, discorre Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos.
Apesar disso, ele diz que há algumas dúvidas sobre se as despesas vão seguir a trajetória de receitas. A ideia é que as despesas cresçam menos que a receita e isso ajude a ter um superávit no longo prazo.
“Faltam alguns detalhes, têm algumas despesas que ficaram como exceção, com aquelas despesas Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), o piso de enfermagem. Precisamos ver se isso ajuda o arcabouço a ficar de pé”, observa.
Para Luis Novaes, da Terra Investimentos, ainda faltam detalhes sobre a execução do novo arcabouço fiscal e como o Governo vai aumentar a arrecadação para garantir a diminuição da dívida ao longo dos anos.
Até Roberto Campos Neto chegou a elogiar por cima o arcabouço. O presidente do Banco Central disse que ainda não teve tempo para olhar os detalhes do arcabouço fiscal, mas que a proposta parece “bastante razoável”.
No entanto, a previsão de Simonte Tebet de que a Selic pode começar a cair em maio, após a apresentação da nova regra fiscal não deve se realizar. Isso porque o mercado precisa de um tempo para rever as expectativas de inflação com base em como o arcabouço vai funcionar na prática.
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