Banking as a Service ou banco digital? Entenda quais são as principais diferenças
*Por Marilyn Hahn, COO do Bankly
Ir ao banco para pagar contas e checar o extrato é um hábito forte para uma parcela significativa de brasileiros, mas que está em vias de desaparecer no futuro. Antes reticente ao avanço da tecnologia, o mercado financeiro como um todo se digitalizou rapidamente nos últimos anos.
A tal ponto que outras empresas também passaram a oferecer serviços bancários, como abertura de contas e pagamento de boletos.
Segundo a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022, nove em cada dez bancos (91%) admitem que atualmente os canais digitais são os principais meios de relacionamento com seus clientes. Esse cenário de transformação fez com que novos modelos surgissem, como os bancos digitais e o Banking as a Service.
Mas o que eles oferecem? Quais são suas características? Confira:
Banco digital agiliza, mas ainda é um “banco”
Em um cenário de evolução tecnológica, os bancos digitais representaram um movimento inicial de digitalização dos serviços financeiros. Oficialmente, são permitidos desde abril de 2016, após regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para a abertura de contas de forma virtual.
Ainda assim, muitos bancos que hoje operam digitalmente já existiam antes disso. A lógica é a mesma das instituições tradicionais.
A diferença é que os bancos digitais operam totalmente on-line. Ou seja, não há agências físicas com gerentes e funcionários.
Tudo é feito pela internet, como abertura e fechamento de contas, acesso a crédito, solicitação de cartões, transferências, pagamento de boletos, atendimento, entre outros serviços.
Sem a estrutura física, o custo operacional dessas instituições financeiras é bem menor, o que permite oferecer serviços com taxas bem mais em conta do que os bancos tradicionais. Entretanto, ainda são bancos.
Ou seja, há custos para as empresas que dependem de serviços bancários no relacionamento com os clientes.
Banking as a Service traz o banco para dentro da empresa
Mas e se fosse possível trazer essa estrutura do banco digital para dentro de uma empresa? É com essa pergunta que surgiu a proposta do Banking as a Service.
Nada mais é do que um conjunto de tecnologias que levam os serviços bancários, como abertura de contas, concessão de crédito e pagamento de contas para empresas de outros setores.
Isso mesmo: organizações que não atuam no sistema financeiro, como distribuidoras de energia elétrica, instituições educacionais e redes varejistas. O objetivo, claro, é engajar ainda mais a rede de clientes, oferecendo mais valor para além do seu modelo tradicional de negócio.
Isso é possível por meio de APIs (interface de programação de aplicações) que conectam a empresa que busca contratar o serviço com a provedora da solução financeira. Na prática, a companhia consegue criar produtos financeiros customizados, como cartões de lojas, contas digitais para pagamentos, entre outras facilidades, proporcionando uma experiência completa para seus usuários.
Conceitos se complementam e garantem eficiência
Diferentemente do que muitos pensam, a atuação dos bancos digitais e a proposta do Banking as a Service não são conflitantes. Pelo contrário, são complementares no mercado financeiro.
Ambos trazem mais eficiência e agilidade para um setor que necessitava de projetos inovadores. Enquanto os primeiros digitalizaram os processos bancários, o segundo possibilitou mais democratização com a entrada de players que, a princípio, não faziam parte dessa área.
Quem ganha com isso são os próprios consumidores, que passam a ter melhores opções de serviços financeiros à disposição. Em um país onde o número de pessoas desbancarizadas ainda é elevado, garantir que essa parcela tenha acesso ao segmento é uma forma de engajar e impulsionar o mercado como um todo.
* Marilyn Hahn é COO e co-fundadora do Bankly, solução de Banking as a Service que descentraliza a oferta de serviços financeiros no país – e-mail: bankly@nbpress.com