Com risco para os EUA, Bank of America vê maior recuo para soja frente ao milho em Chicago e reforça compra de 2 ações
Em maio, os contratos futuros da soja (novembro/24) e milho (dezembro/24) recuaram 4%, para US$ 12,1 e US$ 4,85 por bushel, respectivamente, refletindo uma potencial perda de produção pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
No entanto, o Bank of America, em relatório assinado por Isabella Simonato e Julia Zaniolo, ressalta que as previsões iniciais sugerem que o evento será irrelevante para o mercado global, com os preços do milho recuando pela forte segunda safra no Brasil.
Com isso, de acordo com o banco, as atenções do mercado estão voltados para o desenvolvimento das culturas nos Estados Unidos, já que consultores dos EUA apontam para um risco para rendimentos do milho abaixo do esperado e uma potencial mudança de área para soja.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), prevê que a área de soja em 2024/2025 nos EUA cresça 3,2 milhões de acres, enquanto a do milho caia 4,4 milhões de acres, com o clima chuvoso esperado nas próximas semanas.
Sendo assim, são esperados 52 bushel/acre para soja (2,7%) e 181 bushel/acre para o milho (2%), mas alguns especialistas projetam rendimentos de milho em 179 bushel/acre, com risco para 177-178 bushel/acre, um declínio na relação estoque/uso, dando suporte aos preços.
Quanto à soja, o banco vê riscos negativos com base nas estimativas atuais do USDA. Nas próximas duas semanas, serão divulgados os dados de condições das lavouras, que geralmente pioram ao longo da temporada, a depender do clima.
La Niña e Rio Grande do Sul como dúvidas para safra 2024/2025
No Brasil, a dinâmica é diferente, com um avanço nos preços locais da soja e recuo para o milho. O prêmio do milho para Chicago caiu, enquanto houve uma redução no desconto da soja. No momento, o milho 2ª safra está se desenvolvendo bem em Mato Grosso e a comercialização está muito atrasada, em apenas 33%, o que pode continuar a pressionar os preços no curto prazo.
Por outro lado, embora o mercado global da safra pareça equilibrado em 2024, o cenário pode ser diferente em 2025, dado o risco de La Niña para a safra sul-americana e a incerteza em torno das condições de plantio no Rio Grande do Sul, que responde por 15% do a safra total de soja no Brasil, considerando a alta umidade do solo, potencial perda de ativos como máquinas, silos, logística e restrições de crédito. Em anos de La Niña, o Brasil costuma ter rendimentos 10% abaixo da média.
Dessa maneira, entre as empresas mais expostas aos preços dos grãos, o banco mantém sua recomendação de compra para as ações JBS (JBSS3), com sólidas margens de aves e fluxo de caixa, assim como para 3tentos (TTEN3), pela história de crescimento, embora os riscos no RS devam ser monitorados.
Já para SLC Agricola (SLCE3), pelo momento dos preços dos grãos, BRF (BRFS3) pela avaliação justa e M. Dias Branco (MDIA3), por conta da exposição mais elevada ao trigo, o BofA conta com recomendações neutras para as ações.