Bank of America se mantém cautelosamente otimista com real à espera de fluxos e aceleração do crescimento
O Bank of America mantém visão “cautelosamente otimista” com o real, acreditando que a moeda brasileira deva se beneficiar até o fim do ano de alguma fraqueza global do dólar e de ingressos de recursos ao Brasil decorrentes do avanço de reformas e da aceleração do crescimento econômico.
O banco norte-americano estima que o dólar fechará 2020 a 3,84 reais –queda nominal de 8,7% ante o patamar desta segunda-feira, de 4,2051 reais. Isso equivale a uma valorização de 9,5% para o real.
O BofA aposta em algum “declínio” da incerteza global, com o acordo comercial EUA-China, o novo acordo da América do Norte, a eleição no Reino Unido ajudando a amenizar a percepção de risco.
No plano local, os profissionais do banco esperam aumento do investimento estrangeiro direto e de portfólio, impulsionados por maior confiança com expectativa de progressos na agenda reformista e de ganho de tração na atividade econômica. Tal movimento teria influência sobre o câmbio considerando que investidores internacionais ainda estão “leves” na exposição ao real, segundo o BofA.
Os investidores estrangeiros retiraram 5,666 bilhões de dólares de aplicações em ações do Brasil, mostraram dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira, no pior desempenho registrado para a negociação direta de papéis em bolsa no mercado doméstico desde 2008.
“Existe um forte pipeline de vendas de ativos, ofertas públicas iniciais, subsequentes, privatizações e concessões que devem reunir o interesse de estrangeiros e também apoiar a moeda”, disseram os profissionais em relatório divulgado nesta segunda-feira.
Mas há riscos. No campo externo, o BofA cita tensões geopolíticas, como a entre EUA–Irã. Já no mercado local as baixas taxas de juros podem ofuscar o bom momento do real. “A moeda deverá continuar sensível a fatores globais devido à exposição do país às commodities e aos juros relativamente baixos”, escreveram em relatório.