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Bancos se preparam para desfile de ofertas de ações pré-Carnaval

21 dez 2020, 9:24 - atualizado em 21 dez 2020, 9:24
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O fila de ofertas de ações significa que os executivos de bancos que costumavam ir para a praia entre o Ano Novo e o Carnaval agora estarão com os olhos colados em seus escritórios online (Imagem: REUTERS/Diego Vara)

Os festejos de Carnaval foram duramente atingidos pela pandemia do coronavírus, mas os bancos de investimento estão preparando um desfile que promete ser não menos exuberante, um desfile de ofertas de ações.

A combinação de vacina contra Covid-19 e juro básico do país em um recorde de baixa tem atraído investidores para a renda variável e cerca de 30 empresas estão se preparando para listar ações no primeiro trimestre, um número que já supera as estreias em bolsa de 2020.

O fila de ofertas de ações significa que os executivos de bancos que costumavam ir para a praia entre o Ano Novo e o Carnaval agora estarão com os olhos colados em seus escritórios online preparando esse desfile.

Da unidade de mineração da Companhia Siderúrgica Nacional à rede de supermercados BIG, controlada pela empresa de private equity Advent, a lista reflete o desejo de acionistas controladores de embolsar ganhos com o investimento feito ou de levantar novos recursos para crescimento das companhias.

Apesar da crise do coronavírus, este ano deve terminar como o mais movimentado do Brasil nos últimos 13 para ofertas de ações, com 60 ofertas públicas iniciais e follow-ons movimentando 28,4 bilhões de dólares, também o maior volume desde 2010. E os executivos de bancos de investimento se preparam para uma festa ainda maior em 2021 pelas empresas brasileiras.

“O ano de 2021 tem todo o potencial para superar 2007 em número de negócios”, disse Claudia Mesquita, chefe do mercado de renda variável do Bradesco BBI, à Reuters.

Houve 88 ofertas de ações de empresas brasileiras em 2007. Em termos de volume, o Bank of America prevê cerca de 150 bilhões de reais em 2021, enquanto o Itaú Unibanco espera um pouco menos, 140 bilhões.

Menos brilho

Apesar de terem visto uma queda de até 45% no Ibovespa no início deste ano, os investidores de varejo resistiram ao impulso de se desfazer de suas ações e muitos até se juntaram a novos IPOs. O índice já cresceu mais de 2% no ano.

“Os investidores brasileiros de varejo mostraram maturidade este ano, pois não venderam suas ações apesar de todos os solavancos. Esta é uma boa notícia para as empresas que planejam IPOs”, Marcello Lo Re, chefe para o mercado de ações no Brasil do Morgan Stanley, disse.

Essa mentalidade de “comprar e manter” claramente pode ter seus limites, uma vez que quase metade das empresas que fizeram sua estreia neste ano estão negociando abaixo de seus preços de IPO.

Mas os executivos de bancos de investimento dizem que as taxas de juros baixas provavelmente continuarão aumentando o apetite ao risco dos investidores locais, que encontram poucas alternativas de alto retorno.

Algumas empresas também podem antecipar IPOs para o ano que vem temendo alguma potencial volatilidade que os anos de eleições presidenciais podem trazer, disse Roderick Greenlees, diretor global de banco de investimento do Itaú BBA.

Em outro provável impulso, os investidores internacionais, que em sua maioria ficaram à margem dos IPOs deste ano, estão voltando lentamente.

Investidores de fora do Brasil compraram mais da metade das ações que a rede de hospitais Rede D’Or lançou neste mês, no maior IPO de uma empresa brasileira desde 2013. Ainda assim, as crescentes preocupações sobre o lado fiscal do governo podem pesar sobre a demanda.

“O maior inimigo do Brasil é o Brasil mesmo, pois o país ainda apresenta uma certa fragilidade”, disse Pedro Mesquita, sócio da XP.

Mesmo assim, para grandes investidores em empresas brasileiras, os mercados de ações têm sido sua melhor opção de saída nos últimos meses, uma vez que compradores estratégicos ou de private equity têm sido escassos devido às preocupações criadas pela Covid-19.

Ao contrário dos IPOs, os volumes de negócios de fusões e aquisições caíram mais de 40% no ano, segundo dados da Refinitiv, enquanto o número de transações aumentou 13%.

Os banqueiros dizem que há sinais de que as fusões e aquisições também possam aumentar com as esperanças de uma vacina, mesmo com um cronograma ainda nebuloso para grande parte da América Latina, incluindo o Brasil.

“M&A é um negócio de longo prazo, então requer mais confiança nas perspectivas econômicas, que foram atingidas pelo coronavírus, mas os negócios devem voltar à medida que os países voltam à normalidade”, disse Hans Lin, chefe de banco de investimento do Bank of America no Brasil.