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Bancos podem precisar elevar provisões para empréstimos, diz BCE

25 nov 2020, 7:52 - atualizado em 25 nov 2020, 7:52
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As provisões para perdas com empréstimos corporativos são menores do que em crises anteriores e abaixo das observadas nos Estados Unidos, disse o BCE (Imagem: Flickr/ BCE)

Bancos da zona do euro provavelmente terão que reservar mais fundos para absorver perdas quando o suporte de governos para a pandemia terminar e a economia tiver que enfrentar o enorme aumento da dívida, disse o Banco Central Europeu.

As provisões para perdas com empréstimos corporativos são menores do que em crises anteriores e abaixo das observadas nos Estados Unidos, disse o BCE em sua Revisão de Estabilidade Financeira.

Isso ocorre, em parte, porque medidas dos governos europeus e do banco central reduziram riscos de default e também devido à baixa rentabilidade dos bancos.

A preocupação é que, assim que a ajuda emergencial for retirada, algumas empresas não conseguirão pagar os empréstimos, o que voltaria a pressionar os bancos.

“As provisões aumentaram, mas parecem otimistas em alguns casos”, disse na revisão o vice-presidente do BCE, Luís de Guindos. “Garantias e moratórias podem ter prolongado o tempo necessário para que o fraco desempenho econômico se traduza em perdas com empréstimos.”

O BCE também destacou os altos valuations em alguns preços de ativos, o que aumenta o risco de uma queda repentina atingir o sistema financeiro.

Essa visão ecoa alertas do Federal Reserve e do Fundo Monetário Internacional neste mês sobre o risco para os mercados se o impacto econômico do coronavírus piorar.

Empréstimos garantidos por governos, carência para o pagamento de dívidas e adiamento de impostos foram fundamentais para enfrentar a recessão, a maior em tempos de paz em quase um século, permitindo que as empresas continuassem pagando salários e mantivessem o fluxo de caixa durante as paralisações impostas.

Com as vacinas mais perto da aprovação e o fim da pandemia à vista, o BCE diz que autoridades públicas enfrentam um equilíbrio delicado.

Causarão um choque na economia se retirarem o apoio à pandemia muito repentinamente, mas minarão a reestruturação necessária se mantiverem as medidas em vigor por muito tempo.

“Há um longo caminho pela frente”, disse Guindos. “Esquemas de suporte governamental são essenciais atualmente, mas devem permanecer direcionados para o apoio econômico relacionado à pandemia e evitar preocupações com a sustentabilidade da dívida no médio prazo.”

Outro risco imediato, a saída do Reino Unido do mercado único da União Europeia em 31 de dezembro, está em grande parte “contido” depois que a Comissão Europeia permitiu acesso temporário às essenciais câmaras de compensação de derivativos no Reino Unido, disse o BCE.

O banco central também espera que os participantes do mercado da UE reduzam a dependência dessas empresas, disse o banco.

A longo prazo, o BCE disse que os problemas decorrentes da mudança climática não devem ser esquecidos. Empréstimos bancários a setores intensivos em carbono – um sinal de exposição a tais riscos – mostram poucos sinais de declínio.