Bancos estão estudando impacto de stablecoins na estabilidade monetária, afirma BIS
Bancos centrais não estão com pressa de emitir suas moedas digitais, mas os resultados de uma nova pesquisa do Banco de Compensações Internacionais (BIS) sugerem que têm bastante interesse em stablecoins — criptomoedas de valor estável.
A pesquisa, publicada nessa quarta-feira (27), vem um ano após o mais recente estudo do BIS sobre o status do trabalho de bancos centrais em relação a criptomoedas.
Desde então, segundo os autores, mais bancos centrais avançaram com programas-piloto e indo além de testes iniciais.
Dito isso, o horizonte temporal para o lançamento de uma moeda digital emitida por banco central (CBDC) ainda parece distante, pois cerca de 60% dos bancos centrais questionados ainda estão em etapas iniciais. O BIS realizou a pesquisa com cerca de 60 instituições bancárias.
“Grande parte dos bancos centrais está analisando a necessidade de CBDCs de certa forma e, ao todo, a pesquisa indica um movimento contínuo de uma pesquisa puramente conceitual à experimentação e projetos-piloto. Ainda assim, apesar desses desenvolvimentos, um amplo lançamento de CBDCs ainda parece distante”, destacou o relatório.
Sobre stablecoins, a pesquisa do BIS indicou que ⅔ dos bancos centrais participantes estão focados em stablecoins ou criptomoedas ligadas, de certa forma, a moedas fiduciárias como o dólar americano. Esse trabalho está focado em “estudar o impacto das stablecoins na estabilidade monetária e financeira”.
O relatório só menciona uma emissora de stablecoin — Tether, que opera a stablecoin USDT —, bem como o bitcoin como uma criptomoeda. Sobre criptomoedas, segundo o relatório, “bancos centrais continuam a considerá-las como produtos de nicho, sem amplo uso como um meio de pagamento”:
Muitas criptomoedas passaram por um aumento em seus valores em 2020, fiéis à sua natureza de ativos especulativos. Esse aumento não combinou com mudanças sobre a consideração de seu uso em pagamentos.
Na verdade, grande parte dos bancos centrais continuam a considerar criptomoedas como produtos de nicho.
Além do relatório de pesquisa do banco, o BIS publicou comentários de Agustín Carstens, o diretor geral da instituição. Carstens argumentou que bancos centrais devem atuar como emissores de criptomoedas.
“Se moedas digitais forem necessárias, bancos centrais devem ser aqueles que as emitem”, disse Carsten. “Se o fizerem, CBDCs também podem ter um papel catalítico na inovação, impulsionando competição e eficiência a pagamentos.”