Bancos em crise de dados precisam de ajuda, diz regulador
Primeiro, veio a crise financeira de 2008. Depois, anos de taxas de juros negativas. Agora, os bancos enfrentam o que um regulador do setor financeiro chama de verdadeira transformação.
Jesper Berg, presidente da Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca, diz que a próxima grande ameaça para os bancos é o rápido avanço de grandes empresas de tecnologia em serviços financeiros. A ferramenta competitiva são os dados pessoais, e o jogo está longe de ser equilibrado, afirma.
“Os bancos são limitados no que podem fazer com dados, mesmo usando dados em várias linhas de negócios, sem mencionar o compartilhamento”, disse Berg em entrevista em Copenhague.
Os bancos precisam cumprir rigorosos requisitos regulatórios para proteger dados dos clientes. Mas o setor sofre a infiltração de concorrentes que não estão necessariamente sujeitos às mesmas regras. Berg sugere que a intervenção política pode ser o caminho a seguir, caso os bancos tenham chance de lutar.
“O maior problema que precisa ser decidido em um alto nível político é: de alguma forma, criamos regras em relação ao compartilhamento e uso de dados semelhantes, ou mantemos a diferença?”, disse Berg. “Precisamos pensar se, e quando, definiremos regras diferentes para diferentes tipos de empresas, onde a atividade é basicamente a mesma.”
Berg supervisiona um setor financeiro que enfrenta taxas de juros negativas há mais tempo do que em qualquer outro país, depois que o banco central da Dinamarca cortou os juros abaixo de zero em 2012.
Isso enfraqueceu o setor financeiro, colocando os bancos em desvantagem enquanto tentam se fortalecer contra novos concorrentes. Lars Rohde, presidente do banco central dinamarquês, alertou que os bancos precisarão repensar todo o modelo de negócios para se adaptar ao novo mundo.
Gigantes
Devido às vastas informações que coletam, gigantes da tecnologia como Google, Amazon e Alibaba já desfrutam de uma vantagem competitiva sobre os bancos, diz Berg.
Parte da ascensão de empresas de tecnologia no terreno de serviços financeiros tem a ver com a PSD2, uma diretiva europeia destinada a aumentar a concorrência no setor de pagamentos. Em termos práticos, isso significa que os bancos precisam transmitir seus dados gratuitamente para não bancos, desde que os clientes concordem.
“Poderíamos dizer que fomos ao extremo com a PSD2”, disse Berg. “Os bancos não apenas não podem usar os dados totalmente internamente, como também não podem vendê-los. Eles têm que doá-los.”