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Bancos de sangue em alerta: como empresas e funcionários podem ajudar

03 fev 2022, 16:07 - atualizado em 03 fev 2022, 16:07
Doação de sangue
Com estoques de sangue em estado crítico empresas e funcionários podem ser grandes aliados (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Com a maioria dos estoques de sangue em estado crítico, a situação da Fundação Pró-Sangue, do Hemocentro de São Paulo, reflete um cenário preocupante: a falta de doações e, consequentemente, o baixo volume de sangue nos bancos. Para ajudar a reverter esse quadro empresas e funcionários podem ser grandes aliados.

A pandemia da Covid-19 só agravou um cenário já delicado e hoje, mais do que nunca, todas as doações são fundamentais. Nesse sentido, empresas e funcionários podem ajudar. Segundo o inciso IV do artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o empregado pode deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário, por um dia, a cada 12 meses, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada.

Esse é um dos incentivos para doar. Porém, essa garantia legal não deve estar acompanhada por uma pressão para realizar a contribuição. Logo, cabe as empresas disponibilizar um horário, para que o doador não se sinta pressionado por causa da CLT, como orienta Cássio Giannini, hematologista e médico da Pró-Sangue. 

Nesse sentido, não vale também o trabalhador usar do abono como uma vantagem para justificar alguma falta, pois, antes de realizar a doação, todas as pessoas passam por uma entrevista e ao ser identificado que a abonada não está sendo utilizada com boa fé a doação pode ser barrada. 

Giannini relata que as empresas públicas têm o hábito de liberar seus funcionários para doações e, geralmente, oferecem benefícios não monetários para os que participam. Já, as empresas particulares são incentivadas a fazerem suas próprias campanhas. A Pró-Sangue, por exemplo, oferece palestras, orientações de como fazer coletas externas e doações em grupos para empresas interessadas.

Cássio Giannini, hematologista e médico da Pró-Sangue, orienta como empresas e funcionários podem ajudar os bancos de sangue (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O hematologista complementa que, devido a pandemia da Covid-19 e a maior necessidade de doações motivas pelos casos da doença e pela falta de doações provocadas pelo receio de contaminação, os hemocentros do País têm adotado, em sua maioria, melhores condições para os voluntários como: agendamento online, as medidas sanitárias recomendadas como o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização constante das mãos e a não exposição dos doadores com os outros pacientes do hospital.

Por fim, o médico conclui que o sangue lida com vida e morte e a doação é um ato voluntário no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, embora as doações sejam voluntárias e não remuneradas, a prática dos distribuidores e processadores, como a Cruz Vermelha, de vender o sangue para hospitais é mais comum. Aqui, pelo fato da coleta ser feita majoritariamente por hospitais públicos a prática não é tão rotineira. 

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Critérios para a doação

A doação de sangue segue alguns requisitos básicos que podem ser consultado no site do Ministério da Saúde. Além deles, outras informações prestadas durante a triagem clínica serão consideradas para definir se a pessoa interessada em doar está apta ou não para contribuir.

É importante ressaltar o respeito quanto ao intervalo necessário entre as doações: para os homens é indicado um espaço de 60 dias, ou, no máximo, quatro doações nos últimos 12 meses e para as mulheres um período de 90 dias entre doações, ou, no máximo, três doações nos últimos 12 meses.

Fora esses critérios, tem-se alguns impeditivos temporários que podem também serem consultados no site do órgão federal ou juntamente no posto que irá realizar a doação. Já, sobre a Covid-19, os parâmetros para a doação definidos estão disponíveis na Nota Técnica nº 4 expedida pelo Ministério da Saúde em janeiro de 2022.

Sobre as vacinas

No que diz respeito às vacinas, os protocolos de triagem dos candidatos seguem as instruções preconizadas pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde. De acordo com o documento, o tempo de inaptidão para as pessoas que receberam o imunizante é:

– 48 horas após cada dose (vacina Coronavac, da Sinovac/Butantan);
– 7 dias após cada dose (vacina da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz);
– 7 dias após cada dose (vacina da Pfizer/BioNtec/Fosun Pharma);
– 7 dias após cada dose (vacina da Janssen-Cilag);
– 7 dias após cada dose (vacina Sputinik V, da Gamaleya National Center);
– 48 horas após cada dose (vacina Covaxin, da Bharat Biotech); e
– 7 dias após cada dose (vacina da Moderna/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas).

Os órgãos de saúde reforçam que a doação de sangue continua sendo segura e não há contraindicação a vacinação.