Bancos da Zona do Euro não estão enfrentando a realidade da desaceleração, diz BCE
Os bancos da zona do euro ainda não encararam totalmente a realidade de uma desaceleração econômica, então os supervisores do setor financeiro precisarão forçá-los a serem mais conservadores na gestão de capital, disse o chefe de supervisão do BCE, Andrea Enria, nesta quinta-feira.
É quase certo que a zona do euro entrará em recessão nos próximos meses, com os custos altos de energia atingindo os orçamentos dos consumidores. Mas os bancos, desfrutando de um período incomum de grandes lucros, foram criticados por subestimar o provável impacto econômico.
“Vários bancos parecem usar suposições macroeconômicas relativamente moderadas em seus cenários adversos”, disse Enria em audiência no Parlamento Europeu. “Os supervisores examinarão de perto o planejamento de capital e desafiarão as ações administrativas para garantir um nível adequado de conservadorismo.”
Enria disse que a inadimplência no segmento de empréstimos ao consumidor e dívidas em atraso, tanto para famílias quanto para clientes corporativos, já estão aumentando.
O rápido aumento dos juros –principalmente em função das elevações de juros do BCE– também está destacando vulnerabilidades nos mercados imobiliários residencial e comercial, bem como no financiamento ao consumidor, disse Enria.
As exposições de crédito dos bancos sobre tomadores de empréstimos corporativos que são intensivos em energia serão uma área particular de atenção da supervisão, mesmo que tenha havido apenas sinais limitados de dificuldades até agora.
A volatilidade do mercado de energia aumentou o estresse financeiro para os comerciantes e produtores de energia, de modo que os reguladores diminuíram temporariamente os requisitos de garantia para evitar a repetição de um aperto de liquidez meses atrás.
Enria também disse que o BCE publicará em breve os resultados de sua investigação sobre os laços entre os bancos e o restante do setor financeiro após uma série de crises, como o colapso da Archegos Capital Management no ano passado e as tensões no mercado de títulos do governo do Reino Unido que quase derrubou os fundos de pensão em setembro.
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