Economia

Bancos começam a enviar dados de clientes para Cadastro Positivo

11 nov 2019, 16:25 - atualizado em 11 nov 2019, 16:25
Apesar da medida, ainda vão faltar informações das empresas de serviços e será preciso dar um prazo para as pessoas se manifestarem se querem participar do Cadastro Positivo (Imagem: Pixabay)

Por Arena do Pavini

Nesta segunda-feira, dia 11, teve início a nova fase de implementação do Cadastro Positivo, que vai concentrar os dados de crédito e pagamentos dos brasileiros e calcular uma nota que será usada pelos bancos, financeiras, fintechs e lojas na hora de conceder empréstimos ou financiar compras.

Ele servirá também para calcular os juros de acordo com o risco de cada cliente e, quanto melhor a nota, menor a taxa. A partir dessa data, os cinco principais bancos do país e aproximadamente 100 instituições financeiras começarão a compartilhar com os gestores do Cadastro Positivo as informações de pagamento dos consumidores.

Apesar da medida, ainda vão faltar informações das empresas de serviços e será preciso dar um prazo para as pessoas se manifestarem se querem participar do Cadastro Positivo, o que deve fazer com que o sistema só entre em financiamento efetivo em janeiro do ano que vem.

Quatro birôs

São quatro empresas que vão calcular essas notas de crédito, os chamados birôs. O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a Serasa Experian, a Boa Vista SCPC e Quod.

Com a implantação do Cadastro Positivo, todos os brasileiros que possuem operações de crédito e contas de consumo passam a fazer parte de forma automática do banco de dados, sem necessidade de inscrição. A expectativa do SPC Brasil é de que neste primeiro momento, com o compartilhamento de informações financeiras, o banco de dados passe a contar com 110 milhões de inscritos.

Ainda faltam empresas de serviços

Esse número ainda deverá crescer, pois nas próximas fases empresas de telefonia, companhias prestadoras de serviços como água, luz e gás e o setor varejista também deverão compartilhar informações de pagamento, o que fará com que o Cadastro Positivo agregue, nos próximos meses, a população não bancarizada, diz o SPC .

O envio das primeiras informações começará no dia 11 deste mês e a expectativa é de que até o dia 19, todos os atuais clientes das principais instituições financeiras do país, que possuem operações de crédito, já estarão com o seu Cadastro Positivo aberto.

As informações coletadas pelo Cadastro Positivo serão utilizadas exclusivamente para compor o histórico de crédito e o score (nota de crédito) do cadastrado (Imagem: Pixabay)

Consumidor será avisado da inclusão e poderá recusar

Apesar de a abertura do Cadastro Positivo ser automática, nenhum consumidor será surpreendido, lembra o SPC. Assim que as instituições financeiras enviarem as informações cadastrais e de pagamento, cada consumidor receberá uma comunicação individual, seja por meio de e-mail, SMS ou correspondência física em sua residência, no prazo de 30 dias, avisando sobre a inclusão de suas informações.

Na notificação, o consumidor receberá informações sobre o Cadastro Positivo e será direcionado para o site do SPC Brasil, onde será possível realizar o cadastro de uma senha para acompanhar a qualquer momento as informações do seu histórico de pagamentos, incluindo o seu score (pontuação da nota de crédito). Essas informações só poderão ser acessadas pelos consumidores após o recebimento da notificação individual.

Apenas a nota de crédito será visível para lojas e bancos

As informações coletadas pelo Cadastro Positivo serão utilizadas exclusivamente para compor o histórico de crédito e o score (nota de crédito) do cadastrado.

Para quem concede crédito, em regra, apenas o score estará visível. O histórico de hábitos de pagamentos do consumidor só será disponibilizado mediante sua prévia autorização. Tanto o score quanto o histórico poderão ser acessados apenas por instituições com as quais o consumidor mantenha ou pretenda manter relação de crédito.

Dados disponíveis só em 12 de janeiro

Pela regra, o consumidor só poderá ter suas informações consultadas pelo mercado 60 dias após o recebimento do histórico de pagamentos. Isso significa que os primeiros inscritos já poderão ter seus dados consultados a partir de 12 de janeiro de 2020.

A lei do Cadastro Positivo prevê um período de dois anos para o Banco Central colher as informações do mercado e apresentar o primeiro relatório dos impactos da nova medida na economia do país.

Bom pagador terá nota mais alta

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o novo banco de dados representa mais do que uma lista de bons pagadores, abrindo possibilidade para uma avaliação mais justa na análise de crédito.

“No modelo anterior, as empresas que concediam crédito tomavam suas decisões baseadas, principalmente, no registro de inadimplência. Ou seja, uma conta esquecida poderia ser suficiente para que um bom pagador tivesse seu crédito negado. Com a nova medida, as empresas passam a ter acesso a um histórico consolidado de cartão de crédito, crediário e contas de consumo, o que tem uma relevância muito maior do que uma negativação isolada”, explica Pellizzaro Junior.

Com acesso às informações de consumidores, bancos de menor porte, cooperativas de crédito, varejistas e fintechs poderão concorrer de forma mais igualitária com as grandes instituições financeiras (Imagem: Pixabay)

Maior segurança para emprestar e maior oferta de crédito

A expectativa do mercado é que, com uma análise mais completa a respeito dos consumidores, haverá tanto um aumento na oferta de crédito, impulsionando as vendas no varejo, quanto uma redução dos índices de inadimplência, diz o SPC.

Além disso, com acesso às informações de consumidores de todo o Brasil, bancos de menor porte, cooperativas de crédito, varejistas e fintechs poderão concorrer de forma mais igualitária com as grandes instituições financeiras, o que tenderá a forçar uma redução de juros via competição.

“Ou seja, o cidadão não dependerá mais de sua fidelidade a determinado banco para acessar taxas melhores, podendo conseguir ofertas de outras instituições em que não é correntista.  O aumento da competição entre essas empresas deve contribuir para a queda da taxa de juros e, consequentemente, para a redução do custo do crédito no país”, avalia Pellizzaro Junior.

Privacidade e possibilidade de cancelar cadastro depois

A proteção de dados sensíveis e o sigilo bancário permanecem preservados no Cadastro Positivo, garantindo que as informações dos consumidores sejam utilizadas única e exclusivamente para fins de análise de crédito, lembra o SPC. As empresas que extrapolarem esse limite estarão sujeitas a penalidades previstas em lei.

O SPC lembra que o Cadastro Positivo não inclui dados sobre quais bens foram adquiridos, informações de saldo em conta corrente e tampouco de investimentos, que nem mesmo serão enviadas aos gestores do banco de dados.

Apesar das vantagens proporcionadas pelo Cadastro Positivo, quem não quiser fazer parte poderá cancelar a inscrição a qualquer momento de forma gratuita, assim como voltar ao Cadastro no momento que desejar. O cancelamento e o reingresso podem ser feitos em qualquer birô e vale para todos. O do SPC é www.spcbrasil.org.br/cadastropositivo/consumidor.

Mas quem cancelar poderá ter dificuldades depois para obter empréstimos ou fazer crediários ou parcelamentos, já que as empresas, bancos e financeiras vão buscar informações no Cadastro Positivo antes de fechar negócios.

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