Bancos Centrais atuam em bloco para elevar juros a níveis não vistos desde crise financeira de 2008
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) encerrou a temporada de decisões monetárias trazendo o tom mais duro entre os Bancos Centrais.
Além de aumentar em 0,25 ponto-percentual a taxa de juros no Reino Unido, a autoridade monetária alertou que pode não ser possível atingir a meta inflacionária até 2025.
O BoE também fez uma mea culpa ao reconhecer um erro comum aos BCs desenvolvidos: ter subestimado a persistência e força da inflação. No caso do Reino Unido, o segmento de alimentos é o que mais tem contribuído para essa pressão sobre sobre os preços.
Agora aos 4,5%, a taxa de juros britânica alcança um nível não visto desde o início da crise financeira de 2008. E não deve parar por aí: os mercados precificam adicionais 50 pontos-base na taxa de juros, até que se conclua o aperto.
O aperto das condições de crédito para refrear a demanda levanta questões entre investidores se a quinta economia do mundo conseguirá evitar uma recessão.
Quanto a isso, o BoE tem boas notícias. De acordo com as projeções do BC, a Grã-Bretanha escapará de uma contração econômica, elevando o crescimento do PIB em 2026 para 2,25%.
Bancos Centrais voltam a endurecer tom contra inflação
Diversas decisões de taxas básicas de juros foram anunciadas nesta semana, lideradas pelo Federal Reserve americano e do Banco Central Europeu (BCE). Ambos aumentaram as taxas em 25 pontos-base, porém com mensagens distintas.
Nos Estados Unidos, que agora contam com uma taxa de 5% a 5,25%, o Fed apagou o trecho no qual comentava que o comitê antecipava mais altas à frente.
Como detalha a equipe de research da XP, “embora o presidente da entidade monetária tenha evitado falar a palava “pausa” em seu conference call, ele se referiu especificamente à ausência do trecho do comunicado”.
Apesar de sinais contrários do mercado, Powell descartou a possibilidade de cortes de juros.
Já o Banco Central Europeu, após elevar a sua taxa de referência para 3.25%, também sinalizou que haverá mais altas à frente. A presidente Christine Lagarde foi enfática em afirmar que há mais trabalho a fazer.
A reboque da última alta de 0,25 ponto-percentual, o BCE encaminha para colocar a zona do euro sob o regime mais restritivo em mais de 15 anos.
O endurecimento do tom contra a inflação não partiu somente dos nomes mais famosos. BCs da Austrália e Malásia contrariaram a expectativa de economistas e elevaram suas taxas de juros. Em seus respectivos comunicados, as instituições da Oceania e do Sudeste Asiático indicaram que a inflação também continua sendo um problema para diversas economias do Oriente e do Pacífico.
Também na mesma linha de preocupação está a fala do presidente do Banco Central do Canadá. De acordo com Tiff Macklen, caso haja sinais de que a trajetória dos preços não está indo em direção à meta de 2%, estará preparado para continuar o ciclo de aperto.