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Bancos centrais apontados como maior risco para ações em 2022

14 dez 2021, 11:58 - atualizado em 14 dez 2021, 11:58
Federal Reserve
Investidores se preparam para as reuniões do Federal Reserve, do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra nesta semana (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

Uma mudança apressada da política monetária de bancos centrais ansiosos para domar a inflação é o maior risco para as bolsas globais em 2022, segundo pesquisa informal da Bloomberg News com gestores de fundos.

E, como a recuperação pós-pandemia já atingiu o pico, o levantamento deste mês com 106 investidores também mostra que mais participantes do mercado esperam que ações no segmento de valor superem papéis que dispararam este ano com expectativas de crescimento.

Embora os riscos estejam à espreita, mais de 40% dos entrevistados apontaram expansão econômica mais forte como o principal catalisador de alta para 2022.

“Acreditamos que 2021 foi um ano de recuperação, e que 2022 será um ano de resiliência – com investimentos em cadeias de suprimentos locais, digitalização dos negócios, inovação em saúde e construção de um planeta mais sustentável”, disse Katie Koch, corresponsável por renda variável fundamental da Goldman Sachs Asset Management, que administra cerca de US$ 2 trilhões em ativos.

Em sua opinião, uma das melhores oportunidades são empresas de pequena capitalização dos EUA, uma vez que fornecem “exposição para a próxima geração de inovadores e disruptores com valuations relativos atraentes”.

Os resultados da pesquisa oferecem uma pista sobre algumas expectativas e preocupações comuns do setor rumo a 2022, após o forte rali deste ano que levou os índices de referência dos EUA e da Europa a sucessivos recordes. A pesquisa foi conduzida por repórteres com gestores de fundos e estrategistas em grandes empresas de investimento de 3 a 13 de dezembro.

As conclusões reforçam dados da pesquisa mais recente com gestores de fundos globais realizada pelo Bank of America, segundo a qual bancos centrais inclinados ao aperto da política monetária foram apontados como o maior risco de cauda pela primeira vez desde maio de 2018, seguido pela inflação e o ressurgimento da Covid-19.

Investidores se preparam para as reuniões do Federal Reserve, do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra nesta semana, o que pode deixar mais claro o ritmo de aperto monetário e da desaceleração das medidas de estímulo.

Riscos negativos

A maioria dos entrevistados disse que o avanço da inflação ou movimentos agressivos dos bancos centrais para segurar o aumento dos preços são os maiores perigos para 2022.

“Um dos maiores riscos seria um aperto excessivo das condições monetárias”, disse Julien Lafargue, estrategista-chefe de mercado do Barclays Private Bank.

“Embora as condições tenham sido atendidas para a remoção das medidas de emergência, será um desafio para os EUA e para a economia mundial tolerarem aumentos excessivos das taxas de juros, especialmente provenientes do Fed.”

As preocupações com o aperto monetário eclipsam outros riscos, incluindo uma nova onda pandemia, desaceleração na China ou fatores geopolíticos.  Ainda assim, isso não significa que estejam fora do radar.

“A Covid, infelizmente, existirá, de uma forma ou de outra, em um futuro próximo”, disse Marcus Morris-Eyton, gestor da Allianz Global Investors, que administra cerca de US$ 730 bilhões em ativos. “Mas, o mais importante, estamos nos tornando melhores em gerenciar as consequências pessoais e econômicas.”

Para alguns, a exuberância geral do próprio mercado é perigosa.  Alasdair McKinnon, gestor da Scottish Investment Trust, que administra cerca de US$ 890 bilhões em ativos, alerta para uma grande bolha. “O cinismo desapareceu”, disse.

“Os sinais mais extremos de especulação estão em criptomoedas, SPACs (empresas de cheque em branco) e a corrida geral para negócios de IPO.”

Limite da inflação

Apesar do consenso de que a inflação é um risco, determinar o nível em que a alta se torna um perigo para o mercado acionário é mais complicado.

Para a maioria dos entrevistados na pesquisa da Bloomberg, o problema começa quando o ganho anual dos preços ao consumidor nos EUA é sustentado acima de 3%. Ainda assim, quase 20% deles disseram que a inflação não vai prejudicar as ações até que a inflação fique acima de 5%.

Riscos positivos

Investidores também se posicionam para surpresas no lado positivo. A principal delas é uma economia que se mostra mais resiliente do que as expectativas de consenso atuais.

“Ainda há espaço para uma surpresa positiva de crescimento, dado que as famílias em mercados desenvolvidos têm grandes pilhas de poupança que podem ser esgotadas de forma mais acelerada, enquanto a escassez de oferta pode ser aliviada mais rapidamente do que se supõe”, disse Hussain Mehdi, estrategista macro e de investimentos da HSBC Asset Management, que administra cerca de US$ 620 bilhões.

“Uma forte recuperação do mercado de trabalho também sustenta as perspectivas para o consumo, enquanto a estrutura geral das políticas permanece amplamente acomodatícia, apesar de uma mudança para a normalização.”

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