Bancos apostam em potencial de empresárias da Nigéria
Quando Bolanle Austen-Peters buscou um empréstimo para um centro cultural em Lagos, foi informada de que não havia potencial de negócio. Foi quando conheceu um banqueiro apaixonado por arte para o financiamento. Agora, Austen-Peters ilumina palcos e telas em todo o mundo.
Na época, a advogada tinha 34 anos e acabara de deixar as Nações Unidas quando o Terra Kulture, comandado por ela, obteve financiamento em 2003 do Guaranty Trust Bank.
O empréstimo foi coordenado pelo já falecido Tayo Aderinokun, que apoiou artistas como Yinka Shonibare, cujo “Nelson’s Ship in a Bottle” está em exposição no Museu Marítimo Nacional de Londres.
As injeções de capital do GTB ajudaram a financiar a compra e a reforma do centro. Em 2017, um empréstimo do nigeriano Bank of Industry financiou um teatro de 400 lugares.
Ela ainda depende regularmente de linhas de crédito do Ecobank Transnational para financiar produções teatrais.
“O apoio dos bancos facilita muito nossa vida”, disse Austen-Peters, uma das produtoras do thriller da Netflix “93 Days”, que conta a história de um surto de ebola na Nigéria. “A partir daí, podemos pagar os atores. Caso contrário, nem sempre podemos depender apenas da venda de entradas.”
O fluxo constante de financiamento ajudou a transformar um edifício em condições precárias em um centro vibrante, que já recebeu o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo e atores como Forest Whitaker e Ben Stiller.
Austen-Peters dependerá de ainda mais apoio diante da expansão do Terra Kulture para oferecer treinamento certificado e desenvolver mais conteúdo local.
O sucesso dos negócios de Austen-Peters mostra por que bancos nigerianos, como o Access Bank, que também financia os projetos da produtora, reforçam a iniciativa de incluir empresárias como clientes.
A economia da Nigéria ainda é dominada por homens: apenas um terço das mulheres têm conta bancária, segundo a Enhancing Financial Innovation & Access, uma organização de desenvolvimento.
Elas também não têm acesso a algumas ocupações e são mais propensas do que os homens a fazer trabalhos manuais, em vez de frequentar a universidade.
“Economia inexplorada”
“As mulheres fazem a maior parte das compras feitas pelos consumidores em casa”, disse Ada Udechukwu, responsável pela divisão bancária para mulheres do Access Bank. “Fazem parte de uma economia inexplorada.”
Também existe um incentivo econômico mais amplo. A equidade total de gênero na Nigéria poderia elevar o PIB em 23%, ou US$ 229 bilhões, até 2025, o nível mais alto de qualquer nação africana, segundo pesquisa do McKinsey Global Institute e do Conselho de Relações Exteriores.
Em um indicador onde 100 representa paridade, a Nigéria se classifica na 56ª posição em medidas como igualdade no trabalho, acesso a serviços essenciais, segurança física, autonomia e proteção legal, em comparação com o 68º lugar da África do Sul, que compete com o produtor de petróleo pelo título de maior economia da África.