Bancos ampliarão crédito em meio o “maior teste de resiliência econômica”, prevê Austin Asis
Em meio ao “maior teste de resiliência econômica da era contemporânea” que a pandemia imporá ao mundo, justamente a extraordinária desaceleração vai gerar ao sistema financeiro nacional uma “ampliação moderada” em 2020. No informe econômico da Austin Asis, esta talvez seja a boa notícia, junto com uma inflação que deverá ficar abaixo da projetada antes pela classificadora de risco.
O documento “Covid-19 – E agora Brasil”, assinado pelo economista-chefe Alex Agostini, estima que as empresas precisarão de crédito no 2º e 3º trimestres, principalmente para capital giro. E no 4º trimestre do ano, seria a vez das pessoas físicas, dado que “será inevitável a piora nos dados de emprego e renda”.
Apesar de não haver menção sobre a disposição dos bancos a essa corrida ao crédito, o avanço poderá ser de 2,7%, destaca a Austin Asis, que salienta ainda um ambiente no qual a taxa Selic possa fechar o ano em 3,25% e o real poderá seguir desvalorizado – apesar das intervenções do Banco Central e do “bom nível” das reservas internacionais (US$ 347,4 bilhões em 20 de março) -, pela aversão ao risco e pela drástica queda dos juros no mundo.
O segmento de crédito via títulos de dívidas, no entanto, que inclui debêntures, CRAs, CRIs e Fidc deverão sofrer ajustes, depois de uma fase de expansão. O informe especial da empresa reforça, contudo, que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem tomado “medidas importantes para manter certo grau de financiamento do sistema e mitigar o risco de default”.
A inflação que Agostini trabalhava para este ano era de 2,4% – longe da meta de 4% – e agora ele assina o documento prevendo que fique até abaixo, diante do recuo dos preços dos “semiduráveis e dos bens básicos pela menor demanda”
PIB e contas externas.
O trabalho da empresa de rating não traz uma avaliação sobre o Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Mas destaca a forte queda de abril a setembro, após um 1º trimestre que suportará bem o cenário estabelecido pelo novo coronavírus. Mesmo sob a pressão das compras da China, que sofre desde a segunda quinzena de janeiro, o quase lockdown no Brasil foi estabelecido dia 23.
O governo pontua crescimento zero e várias análises mostram um quadro recessivo para o Brasil, entre os quais a da Moddy’s, em 1,6%.
Mas a Austin Asis deixa a porta aberta para um impacto dessa magnitude no País, levando em consideração a “provável recessão dos Estados Unidos”, acompanhado da Europa e Japão, além de uma expansão bem menor da atividade econômica chinesa.
No entanto, deverá haver um menor déficit em transações correntes. Alívio que para o economista-chefe da empresa da rating virá pelo forte arrefecimento da “atividade mercantil global”.
Ao final do estudo, a classificadora de risco brasileira escreve que, na soma dos fundamentos, o rating soberano, que estava em vias de fechar 2020 em grau de menor risco, já foi adiado para 2021.
Mas o que chama atenção no informe “Covid-19 – E agora Brasil?” está nos preâmbulos: “Diante do desconhecido, a referência histórica é aliada na elaboração de cenários econômicos”.
Apesar da crise atual já se mostrar sem precedentes, o documento lembra, entre as referências, da crise de subprimes dos Estados Unidos (2008-2009), da pandemia de H1N1 (2009) e, no Brasil, da greve dos caminhoneiros (2018) e da crise de solvên cia fiscal (2014-2018).