Bancos: 6 temas para monitorar em 2023 e as ações que valem a pena
Os bancos irão enfrentar um cenário macro “incerto” ao entrar no ano de 2023, afirmam Mario Pierry e Flavio Yoshida, do Bank of America.
Devido a isso — e já com olhos nas perspectivas para o próximo ano —, os analistas preferem os nomes do setor com “maior histórico de execução e gerenciamento forte”, como Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11).
Enquanto os economistas preveem cortes nas taxas nos próximos trimestres, a curva de juros e o fluxo recente de notícias sugerem taxas mais altas por mais tempo, além de uma “inflação pegajosa, situação fiscal frágil e alto endividamento em 2023”.
6 temas para monitorar em 2023
Segundo o Bank of America, seis temas são importantes para os bancos e devem ser monitorados no próximo ano. Confira:
1. Maior papel dos bancos do setor público
Pierry e Yoshida afirmam que os bancos do setor público devem se tornar mais ativos sob o governo de Lula (PT). Segundo o BofA, a participação de mercado desses bancos atingiu um pico de 57% em 2016 — ano do governo Dilma (PT) —, e hoje caiu para 43%.
A maior participação desses bancos no mercado poderia, eventualmente, pressionar os spreads de crédito e limitar o crescimento dos bancos do setor privado.
2. Mudança na estrutura tributária
Segundo os economistas do BofA, uma reforma tributária é o principal objetivo para o primeiro semestre de 2023.
Tal proposta pode eliminar o benefício fiscal do IoC (International Olympic Committee) e reduzir o resultado do setor em cerca de 18%, se não for compensado por uma redução na alíquota do imposto corporativo.
3. Ciclo de qualidade de ativos mais longo
Os analistas pontuam que o cenário macro mais fraco do que o esperado pode atrasar o pico das taxas de inadimplência.
Eles destacam que a inadimplência corporativa pode aumentar de mínimas históricas — impactada pela desaceleração da economia — e a inadimplência de pessoas físicas pode ser impactada negativamente pela queda na renda disponível e alto endividamento, embora os NPLs (créditos não produtivos) já estejam nos níveis pré-Covid.
4. Tendências mistas de NII
Um ambiente de taxas mais altas para períodos mais longos deve fornecer a receita líquida de investimentos (NII) dos bancos com clientes, já que a margem líquida de juros (NIM) está atrasada em aproximadamente um ano sobre os aumentos das taxas.
Por outro lado, taxas mais altas teriam um impacto negativo na margem de lucro do mercado, atrasando uma esperada normalização no próximo ano.
5. Bancos digitais mudando estratégia para lucratividade
O BofA espera que os bancos digitais mudem de estratégia de crescimento para atingir a lucratividade, pois taxas mais altas secaram a liquidez.
Além disso, Pierry e Yoshida destacam que não será surpresa se a consolidação aumentasse entre esse bancos.
6. Baixo crescimento dos rendimentos: avaliação pouco exigente
Os analistas acreditam que o crescimento do setor seja baixo em 2023, assim como em 2022, e que o ROE (Retorno sobre Patrimônio) seja sustentado em cerca de 17%.
“A avaliação do setor está com um desconto de cerca de 30% em relação à média histórica em uma base preço/lucro (P/L) e preço sobre o valor patrimonial/ação (P/B), sugerindo que alguma incerteza já está precificada”, afirmam.
O BofA ainda afirma que a maioria das ações do setor é negociada abaixo de seu preço médio de dez anos, enquanto três delas estão sendo negociadas perto de mínimas históricas — Banco do Brasil (BBAS3), Banrisul (BRSR6) e Bradesco (BBDC4).