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Banco Safra corta preço-alvo do Banco do Brasil (e a culpa é do coronavírus)

12 maio 2020, 13:54 - atualizado em 12 maio 2020, 13:54
Banco do Brasil BBAS3
Resistência: apesar do cenário negativo, Banco do Brasil ainda é um papel atraente, diz Safra (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Banco Safra cortou o preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3) de R$ 68 para R$ 51. Apesar da forte redução, o novo valor representa ainda um potencial de alta de 87% sobre a cotação tomada como referência pelo Safra.

Por isso, o banco manteve a recomendação de outperform para os papéis, isto é, desempenho esperado acima da média do mercado.

Luiz Azevedo e Silvio Dória, que assinam o relatório, afirmam que o corte foi motivado pelo impacto do coronavírus no ambiente macroeconômico, e não pelo desempenho do Banco do Brasil no primeiro trimestre.

“Pontuamos que, embora esperemos uma queda de 26% no lucro [do Banco do Brasil] em 2020, isso ainda está bem abaixo de seus pares (que podem ver uma redução nos ganhos acima de 30%0”, afirmam os analistas.

Aversão ao risco

A perspectiva de lucrar menos não é o único fator de pressão. Com a maior aversão ao risco dos investidores, o Safra também incorporou novos parâmetros de mercado à conta, como um custo de capital para o acionista de 13,9%, ante os 12,5% que embasa as contas até então.

Sempre ela: Covid-19 elevou a aversão ao risco dos investidores, o que pesa no preço-alvo do Banco do Brasil (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Para se ter uma ideia, 5,5% desse total referem-se ao prêmio de risco exigido pelos investidores para aplicar seu dinheiro nas ações do Banco do Brasil. É quase o dobro dos 3% da taxa básica de juros (a Selic), hoje no menor patamar da história.

Em contrapartida, há razões para apostar no papel, segundo o Safra. A carteira de crédito do BB é mais resistente que a dos rivais, pois se concentra no crédito rural e no crédito consignado.

Além disso, o papel apresenta um desconto atraente. Ele é negociado hoje abaixo de seu valor patrimonial – 0,7 vez, na conta do Safra.

O múltiplo é menor que sua média de cinco anos (1 vez) e que o de seus rivais (1,2 vez, em média). “Uma simples análise de múltiplos mostra que as ações do Banco do Brasil estão depreciadas”, diz o Safra.