Banco Next, do Bradesco (BBDC4), é reestruturado, após resultados aquém do esperado
O Banco Next passa por uma reestruturação desde o começo do ano, conforme relatam fontes da instituição ao Money Times. O banco pertence ao Bradesco (BBDC4) e as mudanças vêm em um momento delicado para o banco sediado em Osasco (SP).
Um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, conta que, na reunião mensal de janeiro, o próprio CEO, Curt Cortese Zimmermann, anunciou a reestruturação.
Na ocasião, a direção do Next explicou que, devido aos resultados abaixo do esperado, algumas áreas iriam para o Bradesco, mas ainda respondendo ao banco digital. Foi dito também à equipe que a movimentação seria feita aos poucos. Segundo a mesma fonte, pessoas de algumas equipes estão sendo realocadas desde então.
Vale ressaltar que Zimmermann também é CEO do Bitz, conta digital que também pertence ao Bradesco, além da Digio, outra solução digital do banco. O executivo assumiu o cargo em setembro do ano passado, sucedendo Renato Ejnisman.
Segundo o Money Times apurou, na reunião de janeiro, a direção do Next garantiu que não haveria cortes no futuro, mas a reestruturação acarretou demissões. “Algumas pessoas já foram demitidas, e outras foram para o Bradesco. Mas ainda estamos nessa movimentação para ver quem vai para o Bradesco”, diz a fonte ouvida pela reportagem.
Os funcionários foram informados de que a reestruturação do Next será concluída até o fim de março, mas eles se queixam da falta de mais detalhes.
Reestruturação do Next acontece em momento delicado para o Bradesco
A reestruturação do Next acontece em um momento delicado para o Bradesco. Isso porque, o banco precisa lidar, também, com o impacto da recuperação judicial da Americanas (AMER3), após a descoberta de fraudes contábeis na varejista.
A Americanas deve mais de R$ 5 bilhões ao Bradesco. A decisão da instituição de provisionar 100% das perdas causadas pela rede de varejo reduziu o lucro do 4T22 para R$ 1,6 bilhão – o pior resultado trimestral do banco desde o terceiro trimestre de 2006.
Vale ressaltar que, conforme a fonte, ainda existe a possibilidade de o Bradesco oferecer uma solução de banco digital, mas que pode ser algo integrado ao banco, e não sob a marca “Next”.
Outro funcionário ouvido pelo Money Times afirmou que há colegas buscando emprego em outros lugares, enquanto outros ainda tentam ser transferidos para o Bradesco. “Todo mundo está com medo de demissão em massa”, diz.
A reestruturação atingiu, também, prestadores de serviços terceirizados. Money Times conversou com um deles, cujo contrato foi cancelado pelo Next. Entre as áreas afetadas, estão design e UX (experiência do usuário, na sigla em inglês).
Lançado em junho de 2017, o Next foi apresentado pelo Bradesco em uma nota à imprensa, na época, como uma plataforma que serviria como “gestor financeiro, oferecendo ferramentas para que a organização do dinheiro esteja sempre apoiada nos momentos de vida do usuário”.
Surgido num cenário de crescente competição com fintechs que prometiam revolucionar o mercado financeiro, o Next pretendia aproximar o Bradesco do público jovem.
Segundo o relatório de resultados de 2022 do Bradesco, o Next encerrou o ano passado com 14,5 milhões de clientes – um crescimento de 47% sobre os 12 meses anteriores – e processou 636 milhões de transações.
Procurada pelo Money Times, assessoria do Bradesco negou apenas a possibilidade de demissões em massa no Next.