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Banco Mundial vê comércio mundial mais fraco em 2024, mas demanda por alimentos deve crescer; como o Brasil pode ‘surfar’ essa onda?

10 jan 2024, 11:54 - atualizado em 10 jan 2024, 11:54
banco mundial alimentos
Brasil arrecadou valor recorde de US$ 167 bilhões com as exportações de alimentos em 2023; 2024 promete maiores desafios (Imagem: Banco Mundial)

O Banco Mundial revisou para baixo suas projeções para o comércio global. A baixa se dá principalmente pela desaceleração econômica da China.

A instituição prevê que o crescimento mundial irá desacelerar pelo terceiro ano consecutivo – de 2,6% no ano passado para 2,4% em 2024.

As exportações e importações globais devem ficar subir 2,3%, contra os 2,8% estimados na metade do ano passado.

Esse crescimento previsto deve ocorrer pela recuperação na demanda por alimentos, principalmente de países desenvolvidos, algo que pode ser muito bem explorado pelo Brasil, principal mercado exportador global.

Como o Brasil exportará ainda mais alimentos?

Para Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, a perspectiva de maior demanda por alimentos é uma ótima notícia para o Brasil, diante de um mercado de incertezas em termos econômicos em 2024, onde já se prevê um crescimento global mais modesto e uma desaceleração em mercados que são destinos relevantes para o Brasil, como a China.

“De acordo com os sinais atuais do mercado, não vejo em 2024 uma perspectiva de grande crescimento em relação ao valor exportado no agro brasileiro. Vínhamos batendo recordes nominais ano a ano, e em 2023 chegamos ao patamar de US$ 167 bilhões em exportações de produtos do agronegócio, valor que nunca registramos historicamente”, analisa.

Por outro lado, em 2023, o pesquisador aponta desafios adicionais. “Os preços dos alimentos, de modo geral, estiveram em queda em 2023 e não vêm dando sinais de reação – lembrando que vínhamos de um patamar de preços elevados no pós-pandemia e choques provenientes da guerra. Internamente, a produção da safra 2023/2024 deverá ser menor, tendo em vista os efeitos do El Niño e questões climáticas que atrasaram o plantio no início das safras de verão”, explica.

Maior safra de grãos nos Estados Unidos e na Argentina

Gilio ressalta que o Brasil deve ter uma safra consideravelmente menor, e grande produtores como os Estados Unidos e a Argentina preveem maior safra entregue em 2024, o que pode exercer pressão sobre preços e estoques globais.

“Portanto, a perspectiva de uma demanda firme é um bom sinal, que pode indicar resultados mais estáveis ao fim de 2024. Mercados como o milho, que vem crescendo fortemente, principalmente depois que a China liberou a importação de milho brasileiro a partir do segundo semestre de 2022, devem seguir em alta, se não tivermos grandes perdas que impeçam de atender a demanda”, discorre.

Há também uma boa perspectiva para o algodão este ano, tendo em vista que existe maior excedente brasileiro e menor oferta norte-americana previstos para 2024.

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