Banco Mundial vê comércio mundial mais fraco em 2024, mas demanda por alimentos deve crescer; como o Brasil pode ‘surfar’ essa onda?
O Banco Mundial revisou para baixo suas projeções para o comércio global. A baixa se dá principalmente pela desaceleração econômica da China.
A instituição prevê que o crescimento mundial irá desacelerar pelo terceiro ano consecutivo – de 2,6% no ano passado para 2,4% em 2024.
As exportações e importações globais devem ficar subir 2,3%, contra os 2,8% estimados na metade do ano passado.
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Esse crescimento previsto deve ocorrer pela recuperação na demanda por alimentos, principalmente de países desenvolvidos, algo que pode ser muito bem explorado pelo Brasil, principal mercado exportador global.
Como o Brasil exportará ainda mais alimentos?
Para Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, a perspectiva de maior demanda por alimentos é uma ótima notícia para o Brasil, diante de um mercado de incertezas em termos econômicos em 2024, onde já se prevê um crescimento global mais modesto e uma desaceleração em mercados que são destinos relevantes para o Brasil, como a China.
“De acordo com os sinais atuais do mercado, não vejo em 2024 uma perspectiva de grande crescimento em relação ao valor exportado no agro brasileiro. Vínhamos batendo recordes nominais ano a ano, e em 2023 chegamos ao patamar de US$ 167 bilhões em exportações de produtos do agronegócio, valor que nunca registramos historicamente”, analisa.
Por outro lado, em 2023, o pesquisador aponta desafios adicionais. “Os preços dos alimentos, de modo geral, estiveram em queda em 2023 e não vêm dando sinais de reação – lembrando que vínhamos de um patamar de preços elevados no pós-pandemia e choques provenientes da guerra. Internamente, a produção da safra 2023/2024 deverá ser menor, tendo em vista os efeitos do El Niño e questões climáticas que atrasaram o plantio no início das safras de verão”, explica.
Maior safra de grãos nos Estados Unidos e na Argentina
Gilio ressalta que o Brasil deve ter uma safra consideravelmente menor, e grande produtores como os Estados Unidos e a Argentina preveem maior safra entregue em 2024, o que pode exercer pressão sobre preços e estoques globais.
“Portanto, a perspectiva de uma demanda firme é um bom sinal, que pode indicar resultados mais estáveis ao fim de 2024. Mercados como o milho, que vem crescendo fortemente, principalmente depois que a China liberou a importação de milho brasileiro a partir do segundo semestre de 2022, devem seguir em alta, se não tivermos grandes perdas que impeçam de atender a demanda”, discorre.
Há também uma boa perspectiva para o algodão este ano, tendo em vista que existe maior excedente brasileiro e menor oferta norte-americana previstos para 2024.