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Banco Mundial quer bancos privados com G-20 em alívio da dívida

23 jun 2020, 9:19 - atualizado em 23 jun 2020, 9:19
David Malpass
Segundo David Malpass, os bancos setor privado devem elaborar uma metodologia para fornecer tratamento comparável ao que está sendo feito por instituições bilaterais oficiais (Imagem: REUTERS / Florence Lo)

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, espera que bancos privados elaborem uma metodologia para se unirem ao G-20 no alívio da dívida das economias mais pobres do mundo e ajudá-las no combate à pandemia de coronavírus.

Em abril, o G-20 concordou com uma suspensão temporária do pagamento da dívida para mais de 70 nações pobres. Algumas instituições privadas têm relutado em adotar a medida, citando preocupações com rebaixamentos das notas de crédito e obrigações fiduciárias.

O Instituto de Finanças Internacionais estima que os países mais pobres do mundo tenham cerca de US$ 140 bilhões em obrigações de serviço da dívida do governo geral que vencem até o fim do ano.

“A visão da comunidade internacional era muito clara no comunicado e nas discussões do G-20, de que bancos do setor privado devem elaborar uma metodologia para fornecer tratamento comparável ao que está sendo feito por instituições bilaterais oficiais”, disse Malpass em entrevista por telefone na segunda-feira. “Acho que serão capazes de fazer isso e precisam avançar.”

Na sexta-feira, o Banco Mundial divulgou estimativas segundo as quais países devedores podem economizar US$ 12 bilhões durante a suspensão temporária do pagamento de dívidas a credores públicos.

Esses são os recursos que o banco e o Fundo Monetário Internacional dizem que poderiam ser mais bem utilizados para ajudar a lidar com a emergência de saúde pública e a crise econômica, em vez de priorizar pagamentos a países ricos.

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‘Grau de compromisso’

Angola, que enfrenta a queda dos preços do petróleo e impacto do vírus, deve ser a maior beneficiária do plano. O país da África Austral poderia economizar US$ 3,4 bilhões, ou cerca de 28% do total global, de acordo com estimativas do Banco Mundial.

A China concordou em conceder moratória de três anos ao país para pagamentos de juros e parcelas da dívida de US$ 21,7 bilhões, informou o jornal Expansão, de Luanda, na segunda-feira.

Quase 60% da dívida que os países mais pobres do mundo precisam pagar este ano é devida para a China, segundo dados do Banco Mundial.

Na semana passada, o presidente chinês Xi Jinping prometeu renunciar à dívida de algumas nações africanas e disse que a China está disposta a fornecer mais apoio, como extensões de vencimento de empréstimos para liberar fundos.

“Estou encorajado pelo grau de compromisso da China”, disse Malpass. A medida “traz benefícios para a China a longo prazo, pois terá relacionamentos com países que melhoraram após a pandemia de Covid“, acrescentou.

Na semana passada, o presidente chinês Xi Jinping prometeu renunciar à dívida de algumas nações africanas e disse que a China está disposta a fornecer mais apoio (Imagem: Naohiko Hatta/Pool via Reuters)

Malpass não concorda com a proposta de alguns, como a ONG Oxfam e parlamentares de duas dúzias de países liderados pelo senador de Vermont Bernie Sanders, para que o próprio Banco Mundial ofereça alívio da dívida. Malpass disse que isso poderia prejudicar a nota de crédito da instituição.

Segundo ele, o Banco Mundial depende dos pagamentos dos atuais tomadores de empréstimos para poder oferecer novos financiamentos.