Banco Inter ou Inter Tecnologia?
O Inter (BIDI11) segue com sua estratégia de ser menos banco e mais uma empresa multicanal, que congregue vários produtos em uma única plataforma. Na manhã da última segunda-feira (25) a companhia firmou uma parceria com a rede de maquinhas de pagamentos Stone (STNE).
A ideia é que a empresa processadora de cartões se comprometa a subscrever ações ordinárias e/ou units correspondentes a até 4,99% do capital social do banco digital, com investimento limitado a R$ 2,5 bilhões.
Além disso, o banco pretende implementar uma reorganização societária para migrar sua base acionária para a Inter Platform, cujas ações pretende listar na Nasdaq, com lastro em BDRs listados na B3.
Com isso, a Inter Platform seria uma sociedade constituída de acordo com as leis da jurisdição de Cayman a ser registrada na Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA).
De acordo com o Santander, em relatório enviado a clientes, a parceria será geradora de valor, pois permite que ambos os atores alavanquem seus pontos fortes para oferecer o conjunto completo de serviços.
“Acreditamos que essas são ótimas notícias para os acionistas do Inter, pois prova que a empresa está substituindo seu selo de “banco” por um selo de “tecnologia”, com todos os benefícios (incluindo regulatórios) implícitos”, aponta o analista Henrique Navarro.
O BTG Pactual se encontrou com Alexandre Riccio de Oliveira, VP de Tecnologia, Operações e Finanças, e Helena Lopes Caldeira, CFO do Inter.
De acordo com o analista Eduardo Rosman, que assina o relatório, a atual estrutura corporativa do Inter não é eficiente devido, entre outros fatores, a maior tributação dos bancos, às leis trabalhistas mais rígidas e à regulamentação do Banco Central, um obstáculo ao rápido desenvolvimento de produtos não bancários.
Com isso, uma mudança para um ambiente mais desregulamentado seria benéfico para as operações da companhia.
Segundo os executivos, a combinação irá alavancar a expertise complementar das empresas, além de abrir oportunidades de negócios que possam fortalecer o ecossistema de cada uma.
Para Rosman, a futura listagem da plataforma do Inter nos EUA fundamental, pois dá à família Menin mais poder de “diluição”.
“Achamos que os eventos reforçam nossa visão positiva sobre o case de investimento. O grupo está cada vez tornando-se uma plataforma completa e líder no universo digital”, afirmam.
Já o analista da Empiricus, Fernando Ferrer, lembra que a negociação envolve riscos de execução e alto valuation.
“Uma boa aposta para surfar na onda da digitalização é o Banco Pan (BPAN4), que comparado ao Banco Inter tem um valuation e uma operação muito mais atrativa”, completa.
Nesta terça-feira (25), as ações do Inter desabaram 6,97%, a R$ 207.
Com Reuters