Banco fora do radar anuncia pancada de dividendos e analistas veem recorrência trimestral; vale comprar?
Fora da cobertura de analistas e investidores, como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), o Bmg (BMGB4) anunciou o pagamento de R$ 140 milhões em dividendos, ou R$ 0,20 por ação.
De acordo com a Genial Investimentos, o dividend yield dessa distribuição é de 7,87%, bem acima da média histórica de 5,2%, com um payout (parcela do lucro distribuída em dividendos) de 89,7%, considerando o lucro projetado para o terceiro trimestre de R$ 55 milhões e R$ 157 milhões para os nove primeiros meses de 2022.
O pagamento ocorrerá em 16 de novembro e as ações serão negociadas “ex-direito” a partir de 24 de outubro.
“O banco afirmou que deve ser aprovada a distribuição de JCP, em referência ao 4T22, marcando um ponto importante da evolução do número de distribuições”, dizem os analistas.
Além disso, a Genial espera que o Bmg aumente a frequência de distribuição de proventos de anual para bases semestrais ou até trimestrais.
As ações do banco subiram 11% na última sexta-feira com o anúncio. Nesta segunda, o banco sobe mais 5%.
Desafios
Mesmo com o pagamento, a corretora observa alguns desafios para o Bmg. A Genial tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 3,06 potencial de apenas 2,68%.
De acordo com os analistas Eduardo Nishio e Bruno Bandiera, o principal ponto de atenção em relação a robusta distribuição de dividendos é o seu impacto no índice de Basiléia.
“Esse índice de capital vem caindo rapidamente desde o IPO do banco no quarto trimestre de 2019 quando reportou Basiléia de 22,5%. No segundo trimestre, a índice do banco havia caído para apenas 13,4% (com Capital Principal de 11,6%)”, coloca.
Eles ressaltam ainda que apesar da Basiléia estar ainda acima do mínimo exigido de 11% do Banco Central, o banco vem crescendo carteira rapidamente (43,5% a/a) com uma rentabilidade baixa (ROE de apenas 5,4%), fazendo com que esse índice caia rapidamente.
“Estimamos que a Basiléia deva cair novamente no terceiro trimestre”, destacam.
O que o Bmg pode fazer para mudar isso?
Os analistas elencam três soluções para a melhora da Basiléia:
- a família Guimarães controla o banco com 82,2% de participação, assim, o recebimento de JCP/dividendos pela família poderia ser aportado no banco novamente, o que entraria como um aumento de capital;
- a presença de dívidas subordinadas ainda é baixa no patrimônio do banco, sendo possível a emissão dessas dívidas dando complemento ao capital;
- venda de parcelas da carteira de crédito consignado com menos rentabilidade, conseguindo diminuir a base de ativos, que teria como consequência uma melhora no índice de Basiléia;
Para a dupla, o primeiro ponto teria menos possibilidade de acontecer, já que haveria uma possível diluição do acionista minoritário, uma vez que a parte majoritária usaria capital recebido para capitalizar o banco.
“No segundo ponto, vemos um custo de funding maior para o banco, o que poderia ser um driver negativo para o resultado de juros”, completa.
Já o terceiro ponto é o que os analistas olham com mais otimismo, visto que a companhia pode vender ativos com uma rentabilidade mais baixa para crescer carteira de ativos mais rentáveis.
Prêmio Os + Admirados da Imprensa!
O Money Times é finalista em duas categorias do Prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças. O site concorre na categoria Canais Digitais e com o jornalista Renan Dantas na categoria Jornalistas Mais Admirados. Deixe seu voto aqui!