BB (BBAS3): Goldman Sachs vê ‘riscos’ e ROE abaixo de 20%; banco ‘tesoura’ recomendação
O Banco do Brasil (BBAS3), que já não teve um 2024 de brilhar os olhos, deverá ter um 2025 ainda mais complicado, vê o Goldman Sachs.
Em relatório, o banco cortou a recomendação de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 26, o que abre potencial de apenas 3,3%.
Em reação, BBAS3 caiu 2,94%, a R$ 24,73, nesta sexta-feira (6).
Segundo os analistas liderados por Tito Labarta, o cenário não está muito convidativo para a estatal. O Goldman cita três fatores principais.
- a deterioração da qualidade dos ativos, particularmente nos empréstimos no agronegócio;
- desaceleração no crescimento do RII (resultado de intermediação financeira), pressionada pelos custos de financiamento;
- menor contribuição do banco argentino Patagônia;
Não custa lembrar que o BB é o maior financiador do agro brasileiro. No ciclo 2024/2025, destinou R$ 260 bilhões para operações relacionadas ao setor, incluindo custeio, investimento e comercialização.
Os analistas recordam também que o índice de cobertura está próximo das mínimas históricas, o que limita a capacidade do banco na formação de NPL (empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes).
“À medida que as recuperações judiciais e as renegociações continuam a aumentar, acreditamos que isso representa um risco de curto prazo para os lucros”, vê.
No acumulado do ano até outubro, o número de RJs no setor mais que dobraram em comparação com o mesmo período de 2023.
BB: ROE abaixo de 20%
Para 2024, o lucro deve crescer 6%, 3% em 2025 e 3% em 2026, porém abaixo da média de Bradesco (BBDC4) (28%), Itaú (ITUB4) (17%) e Santander (SANB11) (14%).
Dessa forma, o ROE, retorno sobre o patrimonio líquido, deverá recuar dos 21% atuais para 19,5% em 2025 e 18% em 2026, abaixo do ‘limite psicológico’ de 20%. A cifra é vista como ‘número mágico’ no mercado.
O Goldman vê o papel do BB negociado a 3,6 vezes o preço sobre o lucro (P/L) e 0,8 o preço sobre valor patrimonial (P/BV), abaixo dos bancos privados, é verdade, mas em linha com o seu histórico.
“Achamos que é improvável que o desconto diminua no curto prazo, dado o crescimento mais contido dos lucros e o declínio do ROE do Banco do Brasil”.